sábado, 13 de maio de 2006

sangue bom


- Aconteceu uma coisa engraçada e horrorosa comigo ontem – me disse um amigo.
- Engraçada e horrorosa? Como assim?
- Pois é – ele explicou – ontem me ligou um amigo de infância pedindo para eu doar sangue para o pai dele, que estava no hospital e precisava muitíssimo. Eu conheço esse cara desde moleque. Na hora eu fui e doei, claro.
- Sei.
- Depois de um tempo, liguei para ele e avisei que já tinha doado. Ele me agradeceu e disse que o pai dele estava fazendo uma transfusão naquele exato momento. Me senti super útil quando ele contou aquilo, pois eu fui, doei, e o homem estava recebendo sangue. Achei aquilo bem legal – ele fez uma pausa e me olhou – Bom, agora que vem a coisa engraçada e horrorosa.
- Conta.
- Bom, depois de uma meia hora, esse amigo me liga de novo. “O que foi”, perguntei. E ele me diz que o pai tinha morrido. Acabado de morrer.
- Coitado...
Ele fez uma cara de quem estava com vontade de rir.
- Olha, Lúcia. Eu sei que o sangue que a gente doa vai para um banco de sangue e o que eles dão para a pessoa não é o nosso, mas fiquei péssimo. Será que foi culpa minha?

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