sexta-feira, 28 de abril de 2006

o menino ovo



Era domingo depois do almoço. Estávamos na sala da casa da minha mãe, eu, o João e meu sobrinho pequeno.
- Eu vou imitar uma cobra – falou o Luis, meu sobrinho, rastejando no chão.
- E eu sei fazer o melhor barulho de urubu de São Paulo, Luis. Tape seus ouvidos, pois você pode não agüentar – falou o João para o primo pequeno.
- Eu sei fazer barulho de urso – declarou o menor.
- Eu de dinossauro – brincou o João.
- Eu de tiranossauro – falou o Luis.
- E eu de ovo de tiranossauro – o João provocou, obviamente para tirar sarro do menor, seu passatempo predileto quando encontra o outro – Aposto que ovo você não sabe fazer.
O menor não podia ficar para trás.
- Ah, João. Ovo não sei, mas gema eu sei.
Eu comecei a rir. O Luis não é bobo.
- "Gema", Luis? - perguntei
- Eu imito uma gema, tia. Quer ver? – ele desafiou.
Eu e o João nos entreolhamos, rindo. Foi quando ele, impávido, se deitou no chão e começou a se retorcer todo.
- Essa que é a sua... gema, Luis? – perguntei, confusa, com vontade de rir.
O João olhava boquiaberto.
- É... é e não é... – falou o menino dando um longo suspiro – Tsc. É que tem um problema.
- Qual?
- Ô droga... – ele disse, ainda fazendo uma ginástica estranha e indecifrável no piso – É que eu cresci, entende? Olha – ele nos disse, mostrando o próprio corpo.
Foi quando ele nos olhou e perguntou.
- Posso fazer a gema e a clara? Só a gema não dá mais. Eu não caibo.
Aceitamos.
E, diante das nossas expressões abobalhadas, ele se esparramou no chão feito uma ovo frito e mostrou.
- Pronto. Olhai.

Realmente, crianças são engraçadas.
E gente, tem crônica nova com o Bob Esponja lá na revista paradoXO, podem conferir: o roubo dos balões

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