domingo, 9 de outubro de 2005

nelas, uma questão de peitos

(Iêba, hoje fui publicada na Revista da Folha de São Paulo - uma crônica curtinha, curtinha, mas que me deixou toda feliz)

- Pai, vem ver! – falou minha filha quando o Zé entrou em casa – comprei um sutiã lindo!
Ele olhou assustado. Nossa. Opinar sobre o primeiro sutiã da filha?
Mas hoje é assim. Fala-se livremente sobre roupas íntimas, sobre o corpo, silicones e plásticas. É normal.
Quando eu era menina era bem diferente. Imagine mostrar um sutiã para meu pai. Além de eu ser uma menina tímida, pais não se metiam nesses assuntos.
Um dia minha mãe me olhou e se assustou. “Ichi, você já precisa usar sutiã, filha!”. Compramos um modelo bojudinho, de abotoar atrás, com rendinhas. Segundo a vendedora, era o modelo menina-moça. “É bom, segura bem”, declarou minha mãe, analisando o produto. No dia seguinte, vesti. O sutiã era bonitinho, mas a blusa da escola era de tergal, meio transparente, e marcava tudo.
Olha, pode parecer estranho, mas eu preferia mostrar meus peitos a exibir o tal sutiã modelo menina moça que me segurava tão bem. Sabe quando você implica com uma coisa e ela parece maior do que é? Aquele sutiãzinho virou a coisa mais vexaminosa do mundo. Eu andava encolhida, agarrada nos cadernos, me sentindo uma verdadeira stripper. Engraçado, nunca me senti tão... nua.
Um dia, esqueci. É, tudo passa nessa vida.
- Devia era ter vergonha desses seus peitos – falou a minha filha, quando contei essa história.
- Hã?
- Olha que horror, mãe. Coloca um silicone, vai. Não tem sutiã que resolva o seu caso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Adorei.Estou no 6 ano no E.E prof José viranda.vi na apostila volume 2 o texto a gincana da crônica.Adorei,e vim ler mais um pouco

Anônimo disse...

Adorei.Estou no 6 ano no E.E prof José viranda.vi na apostila volume 2 o texto a gincana da crônica.Adorei,e vim ler mais um pouco