Eu não sei se acontece com todo mundo, mas comigo é sempre assim. Eu falo meu nome e logo em seguida alguém pergunta:
- Lúcia de onde?
- Lúcia de quem?
- Lúcia?...
Isso que dá ter esse nome comum. Acho que tenho que arrumar um codinome, nome artístico, apelido, sei lá. Ou talvez adotar o "Franka" de vez, pois não consigo ser identificada apenas pelo meu nome. Preciso sempre explicar a Lúcia, dizer de onde vim, como apareci, com quem ando.
Uma vez escrevi uma crônica sobre as “Sirás”. Nós, mulheres que nos casamos, de um dia para outro viramos "Sirás". Basta olhar a sua correspondência:
“Para o Sr. Fulano e Sra.”
As Sirás, aquelas depois do marido, somos as nós, as esposas. A crônica é engraçada, mas como não gosto de colocar crônica repetida, vocês conferem aqui.
Bom, além de eu ser a Sirá do Zé, descobri que tenho diversas identidades.
- Consultório médico, boa tarde.
- Oi, boa tarde.
- Pois não?
- Aqui é a Lúcia.
- Hummm. Lúcia...?
- Lucia, mãe do Chico, da Luciana, do João.
- Ah! Oi Lúcia, tudo bem?
Um outro exemplo:
- Alô.
- Alô.
- Por favor, a dona Ester.
- Sou eu.
- Oi Tia. Aqui é a Lúcia.
- Lúcia? Que Lúcia?
- A Lúcia do Zé, tia...
- Ah! Oi Lucinha!
E mais um exemplo irritante.
- Alô.
- Alô.
- Boa tarde, eu queria falar com a Ana, a vendedora de móveis.
- É ela. Quem é?
- A Lúcia.
- Lúcia? Lucia de onde?
- Lúcia. Lúcia arquiteta.
- Hã...
- Lúcia do dr. Fernando, que está construindo a casa na praia.
- Ah! Diga, meu bem!
Pois é. Isso não acaba. Sou a lúcia-arquiteta, a lúcia-do-zé, a lúcia-do-outro-cliente, a lúcia-da-hebe (minha mãe), a lúcia-da-ângela (minha irmã), a lúcia-da-silvia (minha amiga), e um mais um monte de combinações que faço para ser reconhecida.
Acho que isso acontece por dois motivos. O primeiro, claro, é porque não sou nada famosa. Se eu fosse a Marília Pêra ou a Merril Strip, ninguém ia gaguejar ou reticencear depois de ouvir meu nome. O segundo motivo é porque me falta um nome esquisito. Alguma coisa que marcasse profundamente a minha presença. Só Lúcia Carvalho não dá, é banal, carne de vaca, apenas um nome e um sobrenome simplórios. Deve existir umas duzentas mil Lúcias Carvalhos no mundo, igual às Sirás.
Lucia Franka Carvalho melhora um pouco, mas tem cacófago. Frakacá. Feio, né? Nome de fruta é bom. Lúcia Manga? Lima? Não, chega de frutas. Lú Montebravo? Clésia Sanatinna Ofuroca. Meu filho deu uma idéia: Nova Pomar. Ou, quem sabe, Sirá Táqui? Olha gente, aceito contribuições. Podia até fazer um concurso:
“Um nome para a Lúcia”.
Enfim, acabei de receber da minha vizinha a conta do pagamento do guarda na nossa rua. Todo mês sou eu que pago. Mas agora que reparei o que está escrito no envelope: “Ao Sr. José”. E sem Sirá.
Quer saber?
- Lúcia de onde?
- Lúcia de quem?
- Lúcia?...
Isso que dá ter esse nome comum. Acho que tenho que arrumar um codinome, nome artístico, apelido, sei lá. Ou talvez adotar o "Franka" de vez, pois não consigo ser identificada apenas pelo meu nome. Preciso sempre explicar a Lúcia, dizer de onde vim, como apareci, com quem ando.
Uma vez escrevi uma crônica sobre as “Sirás”. Nós, mulheres que nos casamos, de um dia para outro viramos "Sirás". Basta olhar a sua correspondência:
“Para o Sr. Fulano e Sra.”
As Sirás, aquelas depois do marido, somos as nós, as esposas. A crônica é engraçada, mas como não gosto de colocar crônica repetida, vocês conferem aqui.
Bom, além de eu ser a Sirá do Zé, descobri que tenho diversas identidades.
- Consultório médico, boa tarde.
- Oi, boa tarde.
- Pois não?
- Aqui é a Lúcia.
- Hummm. Lúcia...?
- Lucia, mãe do Chico, da Luciana, do João.
- Ah! Oi Lúcia, tudo bem?
Um outro exemplo:
- Alô.
- Alô.
- Por favor, a dona Ester.
- Sou eu.
- Oi Tia. Aqui é a Lúcia.
- Lúcia? Que Lúcia?
- A Lúcia do Zé, tia...
- Ah! Oi Lucinha!
E mais um exemplo irritante.
- Alô.
- Alô.
- Boa tarde, eu queria falar com a Ana, a vendedora de móveis.
- É ela. Quem é?
- A Lúcia.
- Lúcia? Lucia de onde?
- Lúcia. Lúcia arquiteta.
- Hã...
- Lúcia do dr. Fernando, que está construindo a casa na praia.
- Ah! Diga, meu bem!
Pois é. Isso não acaba. Sou a lúcia-arquiteta, a lúcia-do-zé, a lúcia-do-outro-cliente, a lúcia-da-hebe (minha mãe), a lúcia-da-ângela (minha irmã), a lúcia-da-silvia (minha amiga), e um mais um monte de combinações que faço para ser reconhecida.
Acho que isso acontece por dois motivos. O primeiro, claro, é porque não sou nada famosa. Se eu fosse a Marília Pêra ou a Merril Strip, ninguém ia gaguejar ou reticencear depois de ouvir meu nome. O segundo motivo é porque me falta um nome esquisito. Alguma coisa que marcasse profundamente a minha presença. Só Lúcia Carvalho não dá, é banal, carne de vaca, apenas um nome e um sobrenome simplórios. Deve existir umas duzentas mil Lúcias Carvalhos no mundo, igual às Sirás.
Lucia Franka Carvalho melhora um pouco, mas tem cacófago. Frakacá. Feio, né? Nome de fruta é bom. Lúcia Manga? Lima? Não, chega de frutas. Lú Montebravo? Clésia Sanatinna Ofuroca. Meu filho deu uma idéia: Nova Pomar. Ou, quem sabe, Sirá Táqui? Olha gente, aceito contribuições. Podia até fazer um concurso:
“Um nome para a Lúcia”.
Enfim, acabei de receber da minha vizinha a conta do pagamento do guarda na nossa rua. Todo mês sou eu que pago. Mas agora que reparei o que está escrito no envelope: “Ao Sr. José”. E sem Sirá.
Quer saber?
Não vou pagar nada, vou dar para esse tal de senhor José.
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