Sim, ontem fizemos a leitoinha. Foi uma experiência e tanto. Foi preciso estômago para preparar e muito vinho para comemorar.
O Zé resolveu cortar a coitadinha ao meio. Falou que a mãe dele sempre preparou assim, em duas “bandas”. A mãe dele é de Minas, viveu em fazenda a vida toda.
- É melhor não inventar moda.
Achei estranho. No começo fui contra separar o bicho em dois, mas ele me disse que se fosse para fazer inteira eu que teria que me responsabilizar. Como sou uma mulher pouco selvagem, resolvi aceitar as duas partes. Ele e a Maria colocaram a pobre bichinha no carro e foram direto para o Mercado de Pinheiros passar a serra no meio do crânio dela.
Depois o Zé começou a achar que, como vivemos num mundo cheio de gente politicamente correta, alguns dos nossos amigos jamais comeriam uma leitoinha.
- Essa é quase uma comida proibida – ele conjeturou – gordura pura, completamente inadequada para quem quer cuidar da saúde. E aqueles com problemas cardíacos?
Concordei. Era melhor criar um cardápio alternativo.
- Porco combina com o quê? – perguntou o Zé.
- Sei lá. Com porca.
Depois de um certo tempo, ele teve um clic.
- Passarinhos!
Ficou decidido assim. Porcos e passarinhos. Saí, comprei diversos galetinhos (inteiros, não em duas bandas) para os amigos impedidos de porcos. A leitoa foi preparada como se deve, vinha d’alho e nada mais, os galetos idem, do modo mais tradicional possível. Tutu de feijão, arroz e farofa.
Pronto.
O tempo de hibernação da nossa leitoa no freezer foi um tempo de grandes descobertas. Primeiro descobrimos que todos nossos amigos chefes de cozinha, donos de restaurantes e donos de buffet nunca fizeram leitoas na vida. Nem sabiam por onde começar. Onde que já se viu?
Depois descobrimos que as melhores comidas são as mais simples. Comidas muito sofisticadas, cheias de trec trec só são boas porque você não tem nenhum parâmetro de comparação. Um “pato com canela e pimenta ao molho de aveia” pode ser muito bom, mas nunca será melhor ou igual a outro simplesmente porque nunca existiu outro.
- Ah, vá – falou um amigo meu – é muito fácil ser chefe de cozinha assim. Você inventa umas comidas que ninguém fez e depois fica se achando. Quero ver essa turma fazer um bom arroz com feijão e bife acebolado.
Descobrimos ainda que, depois de umas garrafas de vinho, todo mundo adora comidas politicamente incorretas. Da leitoa só sobrou a cabecinha, tadinha. Cortada em dois, claro.
Quando a minha amiga e seu marido, M. & M., os que nos deram a leitoa, iam embora ontem a noite, anunciaram.
– Agora vamos mandar outro presente para vocês.
- O que é? – perguntou o Zé.
-Um avestruz. Que acham, já comeram avestruz? Topam?
Achei estranho. No começo fui contra separar o bicho em dois, mas ele me disse que se fosse para fazer inteira eu que teria que me responsabilizar. Como sou uma mulher pouco selvagem, resolvi aceitar as duas partes. Ele e a Maria colocaram a pobre bichinha no carro e foram direto para o Mercado de Pinheiros passar a serra no meio do crânio dela.
Depois o Zé começou a achar que, como vivemos num mundo cheio de gente politicamente correta, alguns dos nossos amigos jamais comeriam uma leitoinha.
- Essa é quase uma comida proibida – ele conjeturou – gordura pura, completamente inadequada para quem quer cuidar da saúde. E aqueles com problemas cardíacos?
Concordei. Era melhor criar um cardápio alternativo.
- Porco combina com o quê? – perguntou o Zé.
- Sei lá. Com porca.
Depois de um certo tempo, ele teve um clic.
- Passarinhos!
Ficou decidido assim. Porcos e passarinhos. Saí, comprei diversos galetinhos (inteiros, não em duas bandas) para os amigos impedidos de porcos. A leitoa foi preparada como se deve, vinha d’alho e nada mais, os galetos idem, do modo mais tradicional possível. Tutu de feijão, arroz e farofa.
Pronto.
O tempo de hibernação da nossa leitoa no freezer foi um tempo de grandes descobertas. Primeiro descobrimos que todos nossos amigos chefes de cozinha, donos de restaurantes e donos de buffet nunca fizeram leitoas na vida. Nem sabiam por onde começar. Onde que já se viu?
Depois descobrimos que as melhores comidas são as mais simples. Comidas muito sofisticadas, cheias de trec trec só são boas porque você não tem nenhum parâmetro de comparação. Um “pato com canela e pimenta ao molho de aveia” pode ser muito bom, mas nunca será melhor ou igual a outro simplesmente porque nunca existiu outro.
- Ah, vá – falou um amigo meu – é muito fácil ser chefe de cozinha assim. Você inventa umas comidas que ninguém fez e depois fica se achando. Quero ver essa turma fazer um bom arroz com feijão e bife acebolado.
Descobrimos ainda que, depois de umas garrafas de vinho, todo mundo adora comidas politicamente incorretas. Da leitoa só sobrou a cabecinha, tadinha. Cortada em dois, claro.
Quando a minha amiga e seu marido, M. & M., os que nos deram a leitoa, iam embora ontem a noite, anunciaram.
– Agora vamos mandar outro presente para vocês.
- O que é? – perguntou o Zé.
-Um avestruz. Que acham, já comeram avestruz? Topam?
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