Recebi hoje uma carta da escola dos meninos comunicando a data da volta às aulas e a agenda das reuniões, viagens e palestras.
Todo começo de semestre tem reunião de pais e professores por algum motivo. E a cada dia noto coisas mais esquisitas nesses encontros de adultos em cadeiras de crianças para falar sobre educação, mas ninguém percebe: olho para os lados e vejo todo os pais tranqüilos e compenetrados.
Outro dia disse que não acredito em pesquisas pela Internet e quase fui vaiada. Você não sabe a fonte, não sabe quem escreveu aquilo, e eu sei que as crianças copiam direto e nem prestam atenção no que escrevem – querem mesmo acabar logo a trabalho para voltar pro MSN. Resolvi que deveria defender os trabalhos escritos à mão, entregues em papel almaço, ou as pesquisas feitas com recortes de revistas em cartolina. Pelo menos eles treinariam a letra, a escrita. Nossa. Fui escorraçada. Acho que os pais que pagaram uma fortuna pelos computadores dos filhos resolveram não gostar da minha idéia.
Não sei. As escolas estão ficando modernas e sofisticadas demais. Talvez eu não entenda de pedagogia, nem de ensino e deva ficar calada, mas tenho visto coisas que tem me deixado de boca aberta.
Quando meu filho mais novo estava no terceiro ano primário fui à uma reunião de pais. No terceiro ano toda criança tem que decorar a tabuada. Bom, pelo menos sempre teve, eu decorei há vinte séculos atrás e meus filhos maiores também decoraram na terceira série.
Nessa reunião os pais e mães ficavam sentados em círculo. A professora, líder absoluta do local, falava alto e sorria muito, como se entendesse muito de pais e mães. Foi aos poucos explicando tudo que seria ensinado durante o ano. Uma hora parou e anunciou:
- E quanto à tabuada, vamos pedir aos alunos que retenham na memória apenas as tabuadas do dois, do três e do sete. Todas outras são desnecessárias, uma vez que são decomponíveis da do dois e a do três, menos a do sete, claro. Peço que compreendam que a do sete terá que ser decorada também, mas serão só essas três. Isso evitará o estresse da decoreba e tornará a tabuada menos traumática para as nossas crianças - falou a mulher com um sorriso de desculpas.
Eu dei um pulo da cadeira.
Hã? Tabuada traumática? De onde ela tirou aquilo?
Olhei ao redor. Todos os pais estavam tranqüilos, como se fossem fatias conformadas de uma pizza de números, como se nada tivesse acontecido naquela sala de aula.
Outro dia disse que não acredito em pesquisas pela Internet e quase fui vaiada. Você não sabe a fonte, não sabe quem escreveu aquilo, e eu sei que as crianças copiam direto e nem prestam atenção no que escrevem – querem mesmo acabar logo a trabalho para voltar pro MSN. Resolvi que deveria defender os trabalhos escritos à mão, entregues em papel almaço, ou as pesquisas feitas com recortes de revistas em cartolina. Pelo menos eles treinariam a letra, a escrita. Nossa. Fui escorraçada. Acho que os pais que pagaram uma fortuna pelos computadores dos filhos resolveram não gostar da minha idéia.
Não sei. As escolas estão ficando modernas e sofisticadas demais. Talvez eu não entenda de pedagogia, nem de ensino e deva ficar calada, mas tenho visto coisas que tem me deixado de boca aberta.
Quando meu filho mais novo estava no terceiro ano primário fui à uma reunião de pais. No terceiro ano toda criança tem que decorar a tabuada. Bom, pelo menos sempre teve, eu decorei há vinte séculos atrás e meus filhos maiores também decoraram na terceira série.
Nessa reunião os pais e mães ficavam sentados em círculo. A professora, líder absoluta do local, falava alto e sorria muito, como se entendesse muito de pais e mães. Foi aos poucos explicando tudo que seria ensinado durante o ano. Uma hora parou e anunciou:
- E quanto à tabuada, vamos pedir aos alunos que retenham na memória apenas as tabuadas do dois, do três e do sete. Todas outras são desnecessárias, uma vez que são decomponíveis da do dois e a do três, menos a do sete, claro. Peço que compreendam que a do sete terá que ser decorada também, mas serão só essas três. Isso evitará o estresse da decoreba e tornará a tabuada menos traumática para as nossas crianças - falou a mulher com um sorriso de desculpas.
Eu dei um pulo da cadeira.
Hã? Tabuada traumática? De onde ela tirou aquilo?
Olhei ao redor. Todos os pais estavam tranqüilos, como se fossem fatias conformadas de uma pizza de números, como se nada tivesse acontecido naquela sala de aula.
Será que eu ouvi bem?
Na verdade, ouvi. A pedagogia moderna tem se preocupado com coisas que a gente não imaginava. As crianças de hoje aprendem a argumentar, a discutir, a debater. Os professores de hoje se preocupam com psicologia, com auto estima, com depressão, com stress. Nós, adultos, nunca aprendemos nada disso. A nós cabia baixar a cabeça e obedecer. Eles não. São estimulados a falar, a pensar, a se colocar. Isso é bom, mas daí a achar a tabuada traumática é demais, gente.
Ei.
Na verdade, ouvi. A pedagogia moderna tem se preocupado com coisas que a gente não imaginava. As crianças de hoje aprendem a argumentar, a discutir, a debater. Os professores de hoje se preocupam com psicologia, com auto estima, com depressão, com stress. Nós, adultos, nunca aprendemos nada disso. A nós cabia baixar a cabeça e obedecer. Eles não. São estimulados a falar, a pensar, a se colocar. Isso é bom, mas daí a achar a tabuada traumática é demais, gente.
Ei.
Alguém conhece alguém com trauma de tabuada?
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