sexta-feira, 10 de junho de 2005

daslandirú, o filme



Já repararam como a nova Daslu tem um prédio parecidíssimo com o velho Carandiru? São enormes as semelhanças. Não consigo entender como duas coisas podem ser tão diferentes e tão parecidas. As duas construções são castelos-fortalezas, as duas são dificílimas de entrar, as duas são prisões, as duas são da mesma altura e tem o mesmo volume.
Falta apenas o filme e a implosão da Daslu, o que não seria má idéia. Mas imagina o sucesso de um filme de uma rebelião na Daslu? Ei, Dráuzio, ei, Babenco, se alguém quiser bancar eu me candidato a fazer o roteiro do "Daslandirú". Aquelas peruas se degladiando pelas roupas de grife, a Eliana Tranchesi desesperada, as dasluzettes sendo pisoteadas pelas peruas de botox...
Engraçado.
Aliás, quer assunto mais em moda que a Daslu? Acabou-se esse negócio de ir em shopping, shopping agora é coisa mixa, demodée pra burro. O assunto do momento é a Daslu. Bom, pra quem ainda não sabe, a Daslu é uma loja carésima daqui de São Paulo onde você paga de estacionamento um preço de uma blusa.
Se antigamente o homem cultuava os deuses gregos, hoje em dia cultuamos os Guccis, Fendis, Pradas, Louis Vuittons, Diors, Yves Saint Laurents, Dolce Gabbanas e mais um monte de marcas. E todos esses deuses ganharam um espaço enorme só pra eles dentro do nosso templo da moda, a Daslu. Imagine daqui a uns 500 anos as ruínas da Daslu, que cômicas que serão, com aqueles manequins despedaçados, umas roupas podres e umas peruas embalsamadas pelo botox e silicone.
Mas o que me deixou encafifada na nova Daslu é a aparência de prisão que tem aquele prédio cheio de janelinhas mínimas. É muito parecido com o Carandiru. Não estou tirando sarro não, estou apenas constatando.
Além disso, é um prédio sem porta: ou você tem um carro daqueles bacanérrimos e blindados que abre qualquer guarita ou terá que ficar rodando a castelo durante dias sem achar uma única vaga por perto. O prédio pousou no nada. Juro. Chegar a pé? Impossível.
- Zé, acho essa Daslu uma idiotice. Só uma pessoa muito burra paga 30 reais pra estacionar o carro e 200 reais numa fivela.
- Também acho. Fico pensando nas coisas que tem na cabeça dessa dona da Daslu. Ao invés dela ter referências de arquitetura bacanas, inteligentes, na hora de construir ela se lembrou da caixa forte do Tio Patinhas e da casa do Riquinho Rico. Lembra do Riquinho? O personagem do gibi? O imaginário dessa mulher é a casa do Riquinho...
- Que pobreza.
- Mas lú, eu estou com medo do futuro. Tenho certeza que... que...
- Que o quê...?
O Zé olhou fundo nos meus olhos, resignado.
- Tenho certeza que um dia desses a gente vai nessa Daslu, eu e você. A gente não consegue ficar de fora dessas coisas da moda – ele suspirou, conformado.
- Nunca! Zé, eu não vou na Daslu nem morta! Eu nunca nem pisei na calçada dessa loja e me orgulho disso, você sabe.
- É. Mas nunca diga dessa água não beberei.
- Zé, não joga praga.
- Você vai ver. A gente já teve que ir em inauguração de Casa Cor, em evento de decoração com um monte de decoradora de preto, no shoppping D&D, naquele forró horrível, naquele hotel brega com monitoria, no show do Lulu Santos...
- Olha a implicância. O show do Lulu fui eu que quis ir.
- Pra mim foi mico.
- Mico é Daslu.
Ele continuou.
- Fomos até em festa do PT e dançamos! E eu sou PSDB roxo, você sabe!
- Mas Daslu, Zé? Eu não tenho nem roupa pra ir na Daslu.
- Você pede emprestado pra alguma prima. Olha, ouve o que eu estou falando, vai por mim, lú. Trate de se conformar que em breve a gente vai ter que colocar os pés lá dentro... ô meu Deus... ô coisa...

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