quinta-feira, 31 de março de 2005

franka no brejo


ora, sapos...


Nem dormi hoje pensando nos sapos. Aliás, estou aqui fugida, pois saí de uma reunião que deveria ir até o final da tarde para vir aqui falar sobre... sapos.
Juro (mas vocês não precisam isso contar para ninguém, ok?)
É que eu descobri, nessa experiência de dormir ao lado do brejo, que a natureza é completamente histérica. E nós, os civilizados, os intelectuais e os artistas, somos uns burros que acreditam na “paz” da natureza.
Pensa bem. Achamos que descansar é ir pro meio do mato ou para uma praia deserta onde podemos ficar em silêncio, meditando. Que paz que nada! Não há paz alguma na natureza. Natural é a bagunça, a berraria, a histeria. Natural é berrar até ficar rouco, chorar até cair de sono, gargalhar até ficar sem fôlego e sem ar. Somos um bando de humanos querendo o tempo todo controlar o nosso comportamento, conter os nossos impulsos. Precisamos de remédios, de terapias e de férias o tempo todo, pois achamos que precisamos de “descanso” e silêncio. Achamos errado berrar como os sapos na chuva. Achamos que berrar é descontrolar-se, e descontrolar-se é estressar-se, e estressar-se é deprimir-se, e deprimir-se é doença.
Será?
Sabe o que eu acho, gente? Aqueles sapos todos, os trinta mil sapos daquele brejo, não estavam nem um pouco deprimidos. Eles berravam de alegria, gente. Tinha chovido muito, o dia amanhecia cheio de vigor, e eles não cabiam em si de felicidade.
Que pena que eu tenho da gente, que não podemos berrar desse modo.
Era isso. Melhor eu voltar para a reunião.

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