terça-feira, 1 de fevereiro de 2005

no escurinho


no escurinho das casas das avós

Falando em cortinas...
Se pararmos para pensar, vivemos o fim da "era das cortinas", gente.
É muito triste, mas é verdade. Nasci em uma casa com cortinas em todas as janelas, e hoje só tenho uma única cortina em casa (que está meio caindo).
A questão que precisa ser levantada não é decorativa. As cortinas, no passado, eram importantes e necessárias pois vedavam a luz, o sol e a claridade. Hoje não mais. Hoje em dia, a claridade, o sol e a luz são símbolos de bem estar e de vida saudável.
No começo do século as coisas eram diferentes. Pessoas chiques e "bem de vida" não ficavam no sol. Tinham casas escuras, fechadas e frescas. Todos os meus avós, nas suas casas no interior, viviam na penumbra: as casas eram fechadas e todas acortinadas. Era sempre o maior breu lá dentro, mas para eles ficar no escurinho era bom, pois era mais agradável, afinal, não havia ar condicionado. E ficar no sol era coisa de trabalhador braçal, de pessoas mais simples.
E olha a maravilha. Ser branquela era o sonho de todas as moças.
Os carros tinham cortina, as casas tinham cortinas, as escolas tinham cortinas. Até o cinema tinha cortina! Panos e panos nas janelas. As casas eram vestidas, com saias e babados.
Há. Imagina a quantidade de ácaros que existia no passado.
...
Lá se vão as cortinas que balançavam ao vento. Mais uma coisa que some devagarinho do mundo, junto com as penteadeiras, as cadeiras de balanço e os armários sem embutir.
E agora, dá-lhe insulfilm, muros, cerca elétricas e janelas blindadas.

Nenhum comentário: