segunda-feira, 1 de novembro de 2004

A surpresa


A Helô e eu, em 82.

Fica difícil lembrar se era teatro ou realidade. Mas é uma foto bonita e divertida.
Voltando ao assunto anterior, tivemos eleições e nosso Serra, apesar das suas olheiras e da sua cara de poucos amigos, ganhou. Como mulheres são mais acostumadas e preparadas para enfrentar derrotas e decepções, acho que a Marta deve se conformar rapidinho. Mas aquilo que eu disse sobre o debate ainda fica valendo: duvideodó que eles não tenham sonhos eróticos um com o outro. Pensar aquele "casal" junto seria engraçado. Pensando bem, combinam.
O Serra, depois de confirmada a sua vitória, fez um discurso meio ensaiado e cuspido. Quando a gente fala emocionado geralmente cospe um pouco. Claro que ele falou algumas bobagens sobre como vai encaminhar o seu mandato, afinal, devia estar exausto e mentalmente estafado e não é hora de criticar nada. Mas teve um momento lindo na sua declaração. Pode ser que fosse demagogia mas me pareceu sincero. Juro.
É que ele, com todas as palavras e olhando para a frente, dedicou a vitória para a mãe, dona fulana de tal, que segundo ele, ainda mora na Mooca, mesma casinha. Não sei bem. Aquilo me pareceu extremamente sincero. Tá, tá, é uma frase que a gente poderia até esperar do Maluf, mas na hora aquilo me surpreendeu um pouco. Acho que é porque eu nunca imaginei que o Serra tivesse mãe. E porque eu me emociono até com música sertaneja. É culpa dquelas raizes italianas.
Ao lado dele, a esposa, a dona Serra. O Zé me disse que ela não é brasileira, acho que é chilena, e que foi bailarina. Estava ao lado dele, de óculos, parada. Ela não abriu a boca e não sorriu, o que me pareceu bastante estranho. Talvez estivesse envergonhada ou atrapalhada por causa das câmeras. Ou apenas com receio de se expor exageradamente, como a Marta. Mas não gostei e não me identifiquei com uma mulher que não gargalha de felicidade ao ver o marido prefeito. Sei lá, vai ver que eu que sou exagerada. Eu faria o maior escândalo.
Aqui em casa só eu torci pela Marta. O Zé e os meninos todos torceram pro Serrito, e eu tive que amargar uma ida ao Colégio São Luis com eles com uma enorme bandeira do Serra pelas ruas. Tudo bem que desta vez tivemos opiniões diferentes, mas eles precisavam abanar uma bandeira tão grande e tão escandalosa? Os meninos, inconformados com minha decisão, resolveram me acompanhar até a hora de votar. Assim, o Chico e o Juca, cheios de adesivos (segundo eles, eram "homens serra") me ladearam e assim eu fui até minha secção eleitoral: uma pobre eleitora da Marta, sem graça, sem estrelinha e sem nenhum adesivo, escoltada por dois provocativos, confiantes e sorridentes "homens Serra".
***

Um comentário:

Charles Vincent disse...

Mas, Lucia querida, o Dimenstein disse algo no domingo ( Folha ) que dá prá pensar: Sorte nossa termos esses dois disputando. Não ouvimos falar em Rota nem uma vez, afinal! [ cito de cabeça, não textualmente ]
Cê imagina os cacarecos que disputaram - e até levaram - outras prefeituras por ai, no Brasil profundo ?
bjs