quarta-feira, 17 de novembro de 2004

blog, ploft!


ploft!
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- Gente, novidade – falei para a família na mesa do jantar - Fiz um blog, olha que coisa mais moderna.
O Zé arregalou olho. Os meninos, já adolescentes, bocejaram.
- Tá, mãe... – falou o mais velho – ...mas não exagera. Blog é a coisa mais normal do mundo. Todo mundo é blogueiro hoje em dia – ele esnobou.
- Hã? Blogueiro?
Ichi. Nem sabia que tinha um nome para isso.
Ah, adoro blogs. Encontrar um deles, cheio de frutos, é como achar uma jabuticabeira carregada: você pára e se delicia. Blogs são bancos de idéias. São espaços generosos, férteis, onde você pode compartilhar gratuitamente os pensamentos dos outros. Assim, três meses atrás, resolvi que teria um só meu.
Uma decisão como essa é terrivelmente séria. Assumir um espaço, virtual ou real, e tomar conta dele sozinha não é mole. É como um casamento, como ter um filho, como ter um cão: é você tem que cuidar, na alegria e na tristeza, na chuva ou no sol, nas férias ou durante o trabalho.
Um blog é coisa séria, gente.
Hoje, com a entrada dos sites de relacionamento como o Orkut e o Multiply, os blogs já estão um pouco desvalorizados. Nesses locais você também pode montar uma página só sua, mas não é a mesma coisa. É a mesma diferença de morar numa casa ou num hotel: num blog você tem a posse do endereço.
Lá fui eu. Escolhi um site de blogs e segui o“passo a passo”: me cadastrei, entrei e ploft, caí dentro do blog. “Frankamente”, resolvi que ele iria se chamar.
Francamente, pensei. Um blog.
A primeira fase foi fácil. Já tinha um lugar para escrever, um endereço e um nome. Perfeito. Mas mal sabia eu que a coisa estava apenas começando.
Resolvi colocar fotos. Mas como colocar imagens lá dentro? Comecei a fuçar, mas não sabia nem onde era porta da entrada. Instalei uns programas, não dava certo, eu perdidaça. Uma hora desisti, tomei coragem e fui até os filhos.
- Gente. Não consigo colocar fotos no meu blog.
- Mãe – eles disseram em uníssono, rindo – Isso é complicado, não é coisa para mãe. Desiste, esquece.
Como assim? Ora, virou uma questão de honra.
- Seus chatos. Tem blogueiro de sessenta, setenta anos – declarei, emburrada.
De birra, nem fui dormir, até conseguir.
O blog estava quase perfeito. Já tinha texto, fotos e nome quando, nos meus passeios nos blogs alheios, descobri uma caixinha de comentários que fica ao lado do texto. Era muito legal, eu não podia ficar para trás.
Ô saco. Lá fui eu achar como se coloca a tal “caixinha de comentário”. Foi preciso ir até as entranhas e colocar lá dentro, tipo uma operação. Dá o maior medo, juro. E, depois aberta a barriga do blog, resolvi colocar um monte de coisa: contador de visitas, número de pessoas on-line, reloginho e até fases da lua.
Ficou tudo pronto, o máximo. Mandei e-mail para os amigos visitarem, me sentindo a própria dona Baratinha, aquela da história infantil, com fita no cabelo, dinheiro na caixinha e blog vermelhinho.
Foi quando descobri mais uma coisa, essa terrível: blogueiro tem turma, e eu, como conheço pouquíssimos, estava sozinha! Sem uma turma jamais serei uma verdadeira blogueira. Um bom blog tem uma lista de outros blogs, e perto dos outros o meu é to-tal-men-te desenturmado. Caramba, como fazer? Existe assessor de imprensa de blog?
Bem, paciência... As coisas ainda estão no começo, e eu vou conseguir chegar lá. E, para quem quiser visitar o blog da dona Baratinha aqui, o endereço é esse: www.frankamente.blogspot.com.
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