sexta-feira, 19 de novembro de 2004

atrás das montanhas II


cicero dias
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Vamos continuar o atrás da montanhas, parte II. Arquitetura e obras nos dias de hoje.
O que me deixa chateada é perceber que com todas essas especializações a arquitetura não melhora, ao contrário, piora a cada dia. São autores demais, cada um com um ego desse tamanho, todos querendo defender muito a sua autoria e pouco a autoria dos outros. Não vejo muita generosidade entre as partes.
Aliás, nenhuma.
Assim, são construídos camelos, enormes camelos, sem pensamento algum, ocos. Os espaços ecoam qualquer questionamento, de tão desprovidos de sensibilidade. As idéias vem da mídia, que vendem espaços como se fossem roupas; os materiais vem do mercado e da propaganda e os sonhos vem do mundo da decoração. E ninguém pensa no viver, morar e trabalhar dentro das edificações de um jeito pioneiro, inovador.
Exceções? Um monte, claro. Falo do mundo que eu vivo, esse mundo de milionários, desses arquitetos cheios de acessores de imprensa, onde eu assisto de camarote o declínio da nossa profissão. Esse mundo poderoso, que está levando todo o talento dos meus amigos por água abaixo, esse mundo medíocre da casa cor, esse mundo desesperador das reforminhas nos jardins, esse mundo que envolve a vida mais sem graça do universo.
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Melhor, bem melhor é o mundo atrás das montanhas. Ah, e pobre Cícero, que me ilustrou mas que não teve nada a ver com isso.
Calma Cícero. Aguarda um pouco que já falamos de você.

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