terça-feira, 21 de setembro de 2004

os personagens e o vício

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Não aguento falar mais de celular, esse assunto parece o próprio aparelho que não pára de tocar, mas a cada dia surge uma novidade sobre esse maldito revolvinho de brinquedo.
Ontem foi uma amiga que disse existirem pesquisas que o contínuo uso do celular está diminuindo o número de fumantes no mundo. Ou seja, que eatamos trocando de vício.
- Como? - perguntei, confusa.
- Sim - ela responde - Veja, antes dos celulares as pessoas saiam do cinema e acendiam cigarros. Agora elas ligam o celular!
Frankamente...
É vicio? Talvez. Me sinto meio pelada quando esqueço o meu por ai. Ou quando a bateria acaba no meio do dia.
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Sobre a novela: os personagens ontem estavam para lá de divertidos. Quando as coisas correm assim a escrita sai fácil e fluida. É extremamente estimulante ter a quem escrever. E mais estimulante sentir que eles entram dentro da ficção.
Porém é muita gente. Muitos se atrapalham e confundem as coisas. Outros não: são mestres na arte de representar brincando. Juro que esses me assustam, principalmente se partem para o lado do mal.
Outra nota: ninguém gosta de ser bonzinho. É como se "brincar" fosse "transgredir". Talvez essa chance de transgressão gratuita seja importante para todos nós. Pelo menos é o que eu sempre acreditei: no prazer da ficção.
Afinal, aprendemos esse prazer desde crianças (e principalmente quando fomos crianças). Acho que esse prazer nunca deixa de existir, fica só escondidinho lá no fundo. Muitas vezes morre junto com a gente, frustrado, brochado.
O prazer de fazer o que não se pode fazer.
Isso.
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Mais uma coisa sobre a novela: todo mundo quer entrar, mesmo as pessoas das outras turmas, das outras classes. É como se eu fosse a porteira da festa. Aquela que decide. Você sim, ele não. Que horror.
Nunca tinha pensado sob esse aspecto. Você sim, ele não? E logo eu, que sempre acho que eu sou aquela a quem dizem não?
Mas entrem, vamos, todos. E quais são os critérios? Sei lá. Acho que prefiro os que se divertem mais. Não tem graça brincar com quem não brinca, não ri, não inventa. Não há escolha minha: há escolhas individuais, isso sim. A simpatia vem de cada um. A arte de cativar também. Não é bajular. É estar vivo e pulsante, isso que vale.
Bola e meia é a coisa mais desestimulante que existe...
Agora, porque participar? Talvez por pura curiosidade: que personagem você colocaria para mim? Como me vêem? Quem eu seria se não fosse eu?
Hahahah. Até eu queria saber...
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Descobri que sou viciada em personagens.

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