- Mãe.
- Fala.
- Sério. Tem muita criminalidade e violência nesta cidade. Isso me deixa confuso. Acho que estou deprimido. Eu estava pensando: preciso de uma análise, uma terapia. Você tem que arrumar um psicólogo para mim. Nem que seja de presente de natal, se for caro.
- Filho, que exagero... eu converso com você - respondi.
- Não, você não! Tem que ser alguém que entende de depressão. Isso é coisa séria, precisa de es-pe-ci-a-lis-ta. Eu sei. Falaram na tevê. Teve um programa só sobre isso.
Nesse instante, minha filha do meio interrompeu.
- Ah, não! Nem vem!
- Que foi? - eu perguntei.
- Que qué isso, mãe? Se você for dar um analista só para ele, então eu quero ter um decorador só para mim, ora.
- Quê? Decorador? - eu me assustei.
- Já reparou no estado do meu quarto, mãe? Horrível, tosco, dá a maior vergonha! Se ele ganha terapia, assim, sem mais nem menos, então eu tenho que ganhar uma decoração - ela declarou, do alto dos seus 11 anos.
Eu não sabia o que falar. Ficou o maior silêncio no carro. Foi quando o menor, o João, acordou pro assunto.
– Ei. E eu?
A menina se adiantou e cochichou para ele.
- João, shiiiu, já sei. Pede um monitor para a mamãe. Um monitor é tipo assim um personal training de criança, entende? Igual aqueles de hotel, buffet infantil. Um cara que a gente paga, ele vem e fica brincando horas com a gente, é muito legal.
E assim o Joãozinho declarou, animado por consumir alguma coisa.
- Ô maiê, decidi. Eu quero um monitor. Tá?
Céus. Decorador, analista e personal?
Esse é o nosso mundo...
***
Um comentário:
Oi Lúcia, sou eu, Maína.
Te ensinando a usar o blogger???
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