quarta-feira, 26 de agosto de 2015

pobres formiguinhas, pobre frankinha

Gosto de andar na grama. Dizem que o certo é isso, que andar ou correr na grama é melhor do que no asfalto para amortecer a pisada. Então, nas minhas caminhadas diárias, ando sempre pelas gramas do parque, pensando na vida e distraída pra burro. Acho até que a trilha da grama quem fez fui eu. Mas hoje eu notei que nessas horas eu faço uma coisa horrível, assustadora, assombrosa, e nem percebo. Uma coisa mínima, que quando analisei a fundo, fiquei apavorada comigo mesma.
Gente, eu destruo sem dó todas as trilhas de formigas que cruzam meu caminho. E pior, faço completamente por querer e de propósito. Sou literalmente uma serial killer de formigas, porque a coisa é recorrente. Lá estão elas, todas organizadamente em fila na graminha sulcada, na maior labuta, sem a menor noção do perigo que correm. E eu, giganta, monstra, todo dia, absorta nos meus bons pensamentos, vou lá e choft. Choft mesmo. Piso em cima, e pra destruir até chuto a fila para estragar de vez a carreira delas. E não é só com uma trilha, são to-das. E pior ainda, quando erro a pisada e não consigo aniquilar pelo menos umas dez criaturas, eu volto para finalizar a matança e fazer as coitadas perderem o rumo. E confesso: ah, como é gostoso. Que prazer que sinto.
É bem estranho notar em mim esse meu comportamento tão animal. Bom, eu mato lesma, abelha e vespa, afinal eles entram na minha casa, e pra isso acho que tenho um motivo lógico. Mas as formigas do parque eu mato sem razão nenhuma, provavelmente só para mostrar à elas minha superioridade de humana na grama. Se é que elas entendem o que é um ser superior, não tenho ideia do tamanho do cérebro de uma formiga. Mas talvez eu faça bem à elas. Talvez elas aprendam que existem terríveis predadores na terra e fiquem mais atentas. Talvez a próxima geração das formigas do parque aprenda a não fazer mais trilhas na pistinha. Ou talvez eu aprenda algo com isso. Afinal, eu, como elas, estou numa pistinha de grama, andando em fila com outros e...
Nossa, as coisas que eu escrevo.

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