terça-feira, 9 de dezembro de 2014

deu mole...


Não pensei em falar do minhocão, mas o Valtão me cutucou, então vamos lá.
Tá a maior polêmica, demole, não demole. Por mim demole já. E recicla o entulho, e sei lá, faz tijolo e dá grátis pras pessoas que quiserem. Aquilo é um projeto errado, e coisa errada a gente não deixa na cidade. É uma ideia muito maldosa fazer um viaduto passar bem na fuça de um monte de gente. O mesmo que colocar um trilho de trem em cima da minha casa. “Ah, mas precisava passar o trem por ai, não tinha outro jeito”. Tinha. Se vira. Resolve de outro jeito. Me respeita. Sou cidadã. Imagina um hotel que tem uma circulação complicada, e para descomplicar, alguém resolve fazer um corredor que passa pelo meio de todos os quartos e banheiros. “Ah, mas foi um jeito de resolver a circulação do hotel”. Claro que resolveu. Mas atrapalha o sono e a privacidade de todo mundo, e ninguém vai querer ficar nesse hotel mal feito e mal projetado. Imagina que um prédio precisa de um elevador, e colocam esse elevador bem na frente da janela de todas as cozinhas do prédio ao lado, tapando a circulação de ar. “Ah, não tinha outro lugar pra por”. Errado. Não pode. É isso. Só isso. Não pode.
Trabalhei anos e anos em obra, e aprendi uma coisa: não adianta você aceitar uma coisa errada, que aquilo vai te dar a maior dor de cabeça depois. Você arruma uma solução para aceitar o erro, mas aquilo vira uma avalanche de outros problemas.
Imagina que você resolve construir sua casa. Na sala tem uma porta pra copa, digamos. Tá lá no projeto a porta e tem as medidas de onde ela tem que estar. Bom digamos que na sua obra os construtores erram e a porta fica fora do lugar previsto. Ah, tudo bem, não faz diferença, você pensa, e aceita. Dai, por causa disso, não dá pra colocar o interruptor onde consta em projeto. Ah, a gente coloca do outro lado, você resolve, todo pimpão. Dai todo mundo esquece que a porta é de correr. E a porta corre em cima do interruptor, e quando você abre a porta, esconde o interruptor. Você terá, todo vez que entrar na sua copa, fechar a porta (no escuro) e tatear a parede pra acender a luz. Mas isso você só percebe quando o piso está pronto, as paredes masseadas, o forro instalado. Putis e agora, você pensa. Fica aquele problemão, dai você marca uma reunião na obra, vem o arquiteto, o engenheiro, o eletricista, o cara da iluminação, do gesso, do piso, e cada um dá uma solução mais esquisita que o outro pra resolver a porcaria do interruptor da copa, e não tem nenhuma solução boa. Até que você fala “chega”, e resolve que não tem outro jeito a não ser demolir e fazer tudo de novo.
É a mesma coisa. Não adianta acochambrar. Deu mole, agora demole.

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