O exame era uma ressonância
magnética, que tive que fazer mês passado por causa do meu joelho. Liguei para
o laboratório para agendar, já imaginando aqueles infernais call centers. A
moça me atendeu, pediu o número da carteirinha do convênio, escolhi a unidade
mais próxima, disse o nome do exame, até ai tudo bem.
Foi quando começou uma parte
super estranha.
- Dona Lúcia, porque a senhora
vai fazer esse exame?
- Que? Hã?
- Qual o problema físico que a
senhora tem?
- Eu? É que eu andei demais,
forcei demais o joelho e tá doendo muito.
- Puxa. Sinto muito. Espero que
não seja nada.
- Obrigada.
Mas o mais esquisito veio depois.
- Bom, senhora, agora tem uma
parte chata, mas temos que fazer. Preciso que a senhora me passe o pedido
médico, ou por email, ou por fax, torpedo ou correio.
- Pode ser por email... –
respondi, suspirando.
- A senhora vai fotografar ou escanear?
- Hum. Acho que vou escanear.
- Pois então escaneie. Eu espero.
- Moça, vai demorar. Preciso
ligar o scanner, salvar o arquivo, essas coisas.
- Tudo bem, eu espero. Tenho todo
tempo que a senhora precisar.
- Como assim?
- Senhora, pode fazer tudo com
calma, não precisa ter pressa. Não vou sair daqui. Eu juro.
- Você não vai me passar para
outra pessoa, me deixar esperando, ouvindo música, nem me fazer ligar de novo?
- Não. Para evitar problemas, aguardo
a senhora fazer o procedimento, vou receber seu email, vou finalizar e
agendamos. Tudo só comigo.
Epa. Não era possível. Os call
centers estão melhorando? Isso existe?
Como ela me orientou, fiz tudo no
meu ritmo. Abri o scanner com calma, copiei, salvei o arquivo, abri o email,
coloquei meu nome, anexei o arquivo, enviei.
- Alô? Moça?
- Oi senhora.
Incrível, ela ainda estava lá, me
esperando. Depois de um tempão.
- Mandei.
- Já recebi, senhora. Está tudo
ok. Podemos marcar. A data mais próxima é domingo as oito e meia da manhã.
- Domingo, moça? Tá maluca? Oito
da manhã? Acha que não descanso?
- Senhora, como não sabemos se a
senhora tem urgência, ou se sente muita dor, sempre devo oferecer o primeiro
horário que tenho.
- Ah, tá, que gentileza a sua...
– entrei no clima dela – Mas obrigada, prefiro na segunda.
- Na segunda a senhora pode escolher
a hora. Não tenho nada marcado até as duas da tarde.
- Pode ser as onze da manhã?
- Sim senhora. Está ok. Vou
mandar um email com instruções.
- Obrigada moça.
E gente, incrível, mas as coisas
melhoram. Há vida em call centers.
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