Pra você andar bem em São Paulo, você precisa de pouca coisa: boas pernas, um sapato ou tênis legal que não dê bolha, uma bolsa com o mínimo de coisas úteis e que não pese muito - o que é complicado pra mim, pois hesito em me livrar do meu caderninho, do meu óculos escuros e do meu pente - e um bom foninho de ouvido que não embaralhe todo. Também prefiro usar bolsa a tiracolo do que mochila, pela facilidade de acesso às minhas tralhas.
Quando virei uma andarilha, há cerca de um ano, comecei a notar que o principal problema de quem anda é exatamente onde você pisa. Isso, o chão, a calçada, o piso. Aqui onde moro, por ser um local baixo e perto do rio Pinheiros, parece que a parte de baixo calçadas são um charco, pois com o tempo cada vez mais o chão cede e o piso fica completamente ondulado. Além disso, existem muitas árvores, que obviamente não param de crescer – afinal estão vivas – e não estão nem ai com o que tem por cima das suas raízes. E como cabe a cada morador fazer sua própria calçada, você anda numa mistura de colcha de retalhos com montanha russa. É um sobe e desce sem parar, buraco, raiz, buraco, raiz, incluindo pisos escorregadios, pisos crespos e aqueles horríveis pisos de placas quadradas que nunca tem a ver com os seus passos, e passo sim passo não você enfia o pé no vão. Dói o pé...
Então aqui no bairro as pessoas evitam totalmente as calçadas e andam na rua, atentas com os carros. Noto isso porque toda vez que ando em algumas, passo em teias de aranha. Eu juro. Quantos dias demora para uma aranha fazer um a teia enorme? Um, dois três? Pois esse é o tempo que a calçada fica sem uso. Louco isso.
Diante dessa dificuldade, eu, pedestre mór e convicta de que andar também faz super bem pra saúde, olho ali para o lado e vejo... Ahá! Uma maravilhosa pistinha de bike, a novinha ciclovia do prefeito, que além de lisa, é protegida dos carros, sem calombos, sem raízes, perfeita para andar.
No início da moda das bikes, eu andava pelas pistinhas ainda incompletas toda feliz da vida, ouvindo música e cantarolando. Mas percebi que a cada dia mais que o número de ciclistas aumentam e tem mais raiva de mim. Buzinam, trimmm, trimmm, dão fechadas assustadoras, não desviam, “vá para a calçada!”, me dizem. Isso fora os palavrões. Também são aceitas ali pessoas com patins e skate, meu sobrinho até me contou de um congestionamento de bicis numa ciclovia por causa de um carroceiro, que acredito que por ter "rodas" também pode andar ali, mas eu, andarilha, não, jamais.
Acho que o prefeito esqueceu de nós, pedestres. Se pensarmos em termos de saúde, andar queima só um pouco a menos de calorias, e faz super bem. Hummm. A questão é ter rodas? Será que se eu empurrar um carrinho de super eu posso andar ali?
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