sexta-feira, 30 de abril de 2010

uma coisa a se pensar...



Fica esse monte de gente entrando e se inscrevendo no facebook, e eu tou vendo tudo: daqui a pouco vai ter gente que vai começar a morrer e dai eu quero ver como vai ser. A pergunta é: gente, como avisar o facebook que você morreu? Será que alguém pensou nisso? Porque o facebook, se não souber de nada, vai ficar sugerindo que um monte de gente te adicione e tal. Mas se você morreu você não vai poder adicionar ninguém, e dai o facebook vai avisar naquela janela da direita que você está 10% inativo, depois 20% inativo, depois 30%, 40%, ... 90%, não é? E será que a inatividade no facebook chega a 100%? E será que nessa hora ele percebe que você morreu? Acho que não, porque tem gente que apenas enche o saco de tanta vida social virtual. Eu sei que tou falando um absurdo, mas isso me veio a cabeça: não é esquisito a pessoa morrer na vida real mas continuar viva no facebook como se nada tivesse acontecido? Sei lá, isso deve dar até uma energia ruim pros nossos espíritos, pensa, eles não vão totalmente embora porque o facebook fica puxando o cara pra terra, meio horrível isso. Isso fora as pessoas que vão falar mal de você, que não responde, que não aceita amizade e tal. Então pensei que o facebook devia obrigar a gente a nomear uns amigos "coveiros", que depois que você morresse poderiam entrar no seu face e colocar um tipo de tumuluzinho lá, pra todo mundo ver que você morreu, e quem sabe até fazer homenagens póstumas, escrever frases lindas, te desejar boa morte e tal. Esses amigos coveiros podiam, inclusive, ganhar os amigos da pessoa que morreu, seria um bom pagamento pra o trabalho. Ah. Sei lá como resolver. Mas que essa é uma boa questão pra gente pensar, ah, isso é.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

ká limo



Outro dia fiquei matutando sobre carros. A gente sempre é obrigado a comprar um carro inteiro. A parte de fora, o motor, a parte de dentro. Ninguém reclama de comprar tudo de uma vez, e claro, eles colocam tanto coisa nesse produto que carro custa super caro. A gente só tem a opção de comprar carro velho (barato) ou novo (caro). Não existe a opção de comprar um carro só com a parte de fora e o motor pra economizar. Casa ou apartamento você pode comprar vazio e depois montar a parte de dentro como quiser. Não entendo porque no mundo dos carros você não pode fazer isso. É sempre obrigado a levar aquele monte de poltrona e banco, tem gente que nunca usou o banco de trás. Puta desperdício.
Imagina que legal. Você vai e compra um carro. Escolhe o modelo de fora, escolhe o motor. O carro vem com um banco básico, uma direção e um painél básicos, para você levar ele para casa. Dai você monta o resto como quiser, do jeito que precisar. Por exemplo, se você é sozinho, pode ter uma poltrona só, se quer carregar coisas, faz um portamalão, se prefere sofá ao invés de poltrona, manda bala. Se tem cachorro, faz casinha atrás, se tem filhos pequenos, faz um cômodo infantil. Você também poderia fazer do seu jeito. Escolher o estofamento, pintar o lado de dentro como quiser, escolher a luminária. Cada um poderia inventar o tivesse vontade. Pros decoradores era uma mão na roda, iam chover clientes novos. Assim um cara que tivesse, por exemplo, um Corsa ou um Ká, podia ter um interior de limousine. Se você pensar bem, se tirar os bancos de trás e o porta malas, daria pra colocar o maior poltronão, geladeirinha, televisão, paredes de painéis de couro, tapetes persinhas no chão. Ia ser super o máximo. Só vejo vantagens nessa idéia, só não sei com quem eu falo pra mudar esse mercado.

terça-feira, 27 de abril de 2010

remediar não é melhor que prevenir?



Hoje em dia tem essa coisa super chata da medicina preventiva. Você tá ótimo, não tem nada, não sente nada mas tem que pagar aquele mico enorme e passar horas no laboratório fazendo setecentos exames todo ano. A partir de certa idade eles te mandam fazer exames de seis em seis meses. Ixi. Olha como eu falei. "Eles". "Eles" são os médicos e eu, falando assim, parece que tou com mania de perseguição. Os meus exames desse ano eu tou adiando, adiando, mas sei que não vou conseguir cair fora. E que "eles" vão achar um monte de problema, ai que saco. O que eu não entendo é porque ainda não existe, além dessa coisa medicina preventiva, a terapia preventiva ou sei lá, psicanálise preventiva. Tipo um exame, você ia no cara todo ano e ele avaliava sua cabeça, suas emoções, atitudes e... nossa... Já imaginou que caos que ia ser? Se um dia inventarem isso, nossa, ia ser um transtorno nas nossas vidas... E pensando bem, com toda certeza muitos dos meus amigos e conhecidos, que estão ótimos hoje com seus excessos de alegrias, encontros, álcool e etecéteras, provavelmente seriam todos... internados imediatamente. Hahaha. Comentei isso com amigos, eles concordaram e arremataram que já eu iria diretamente da sala do psicólogo pro... eletrochoque. Socorro.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

conta, franka!



As pessoas tão acostumadas a me ler. Mas olha que engraçado que fica eu falando a crônica que eu escrevi na rádio, com a minha voz. Clica aqui. É o programa da semana passada. Tentei ao máximo apenas contar a história. Não "ler". Contar é diferente de ler. Acho que no rádio a gente deve contar, e aqui, escrever. Dai tive uma outra idéia que falei pra o Fábio, da Rádio USP. Num dos programas anteriores, ele colocou umas musiquinhas no final. Achei legal aqui, e perguntei se podia sempre ter uma musiquinha no fim e se eu podia escolher a música. Ele topou, e nessa crônica, que eu falo da caixa postal dos celulares, escolhi a música "Please Mr. Postman", dos Carpenters. Hahaha.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Maca Hara Ninja



Estava no caixa do super, passando as compras quando olhei a tela onde aparece o nome das coisas que eu comprei. A moça passando super rápido tudo, formando aquela montanha, pois o empacotador não dava conta. Não é sempre que existe sintonia entre a caixa e o empacotador. Como tudo na vida.
- Moça. Peraí.
Ela parou de passar os produtos.
- Pois não.
- Que é isso que eu comprei ai?
Ela olhou a tela, estranhando.
- Hã?
- Olha o que tá escrito. Macahara. O que é Macahara? Eu comprei uma ou um Macahara?
- Macarara?
- É, olha. Na verdade, é Maca-Hara. São dois nomes, moça.
Ela olhou para as compras ao redor dela, tentando lembrar o que era.
- Parece nome de agente secreta. Tipo a Mata Hari. Que estranho.
- Ah, é a maçã, senhora. Maçã Hara. O computador não coloca til e cedilha.
- Ah, essa maça tem sobrenome?
- Essa tem - ela explicou - tem muita fruta e verdura que tem nome e sobrenome. Como Laranja Lima, Laranja Pêra, Banana Maçã...
- Ah, entendi. São tipo as famílias, é isso?
- É. E a senhora comprou a Maçã Hara. Da família Hara.
- Ah, legal.
Ela ficou atenta, e logo em seguida me mostrou a tela de novo.
- E olha isso, senhora. A senhora também está comprando o Brócolis Ninja.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

controlinho toutichi?



Eu apertava, apertava, apertava sem parar o botão e o controle remoto não abria o portão de jeito nenhum. O carro parado ali no meio, atrapalhando os outros, e nada do portão abrir. Consegui entrar no prédio graças à caridade de outro condômino, e na saída fui falar com o porteiro. Um senhor de óculos, muito sério.
- Oi moço, o senhor pode abrir pra mim? Meu controle não abre. Na hora que cheguei, tentei um monte e não abriu. Acho que acabou a pilha.
- Deixeuver - ele disse, apertando o botão - está funcionando sim, dona Lúcia - declarou, categórico.
- Não está não senhor, o portão não abriu.
- Está sim senhora, olha, a luz acende. Se não tivesse pilha, não acendia. Vamos lá no portão testar - ele resolveu, saindo da guarita.
Ele foi na frente, todo exibido. Olhou o portão e apontou. "Tic", ele fez. E bastou um "tic" dele que o portão abriu.
- Viu? Tá funcionando, dona.
- Nossa, eu tentei tanto...
- É que a gente é da época do botão, dona Lúcia.
- Como assim?
- A gente aprendeu a apertar botão, apertar com força. E com força não funciona hoje em dia. A gente não entende toutichi, por exemplo, dona Lúcia.
- A gente não entende do que?
- Tou-ti-chii - ele disse bem alto - essas coisas de agora, que tem que apertar devarziiinho... de levinho... só encostando...
- Hã?
- Agora é tudo toutichi, tuuudo toutichi... a senhora veja que coisa. Máquina de retrato, celular, controle remoto. A senhora tem que aprender a não apertar muito. As coisas mudaram. Tem que ser bem de leviiinho... tou-ti-chi.
Putis. Depois de uma filosofia de faxineira, ensinamento de porteiro? Genial. O cara tem toda razão. Antigamente a gente girava botão, mexia para cima para baixo, discava telefone de disco redondo, e depois veio a inovação: o botão. As pessoas da minha geração aprenderam a apertar botão. E com força. Putis, e agora aprender o toutichi não é mole.
Desci na garagem, peguei o carro e... tic. Abriu.

domingo, 4 de abril de 2010

filosofia de faxina




- Lúcia, filha, foi você que me ligou ontem de manhã?
- Foi mãe. Mas ninguém atendeu na sua casa.
- Ah, eu sei. Eu tava no clube. A Tereza, minha faxineira, estava em casa, mas essa Tereza... ela não atende telefone.
- Ela não atende? Porque?
- Eu chego em casa e pergunto "Tereza, alguém ligou?". E ela responde "o telefone tocou duas vezes", ou "o telefone tocou cinco vezes". Mas atender, neca.
- Ué. Que faxineira estranha.
- Não é estranha não. Ela tem toda razão. Um dia eu reclamei, e ela falou "dona Hebe, os telefonemas não são pra senhora? Se a senhora não está, pra que eu vou atender? A senhora não está, ué. Se a senhora quiser eu atendo e falo que a senhora não está, mas tá na cara que se ninguém atende, a senhora não está". Entendeu, filha?
- Hã? Mais ou menos, mãe.
Hahaha.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

os mini games dos garçons


Se esse negócio que eles inventaram, de comanda eletrônica pra garçom, era pra agilizar o serviço do restaurante, desculpa mas não certo. É o mesmo que dar um monte de mini-game pra quem tem que trabalhar, pô.
- Moço, algum problema?
- Hã?
- Você tá me ouvindo, moço? - perguntei pro garçom que estava parado feito um zumbi do lado da nossa mesa, compenetrado no aparelhinho, uns dez minutos depois que fizemos o pedido.
- Um minuto, senhora.
- Algum problema com o nosso pedido, moço?
- É que eu errei o código do macarrão, tenho que deletar... pronto, consegui. Além disso eu não sei o código do espeto misto, tenho que procurar um por um. Ainda não decorei tudo. Peraí.
Eu começei a implicar.
- Zé, será que esse homem não pode fazer isso lá dentro? Tem que ficar aqui do nosso lado, plantado feito um poste, jogando esse joguinho e ouvindo nossa conversa?
- Sei lá, Lú, não tou entendendo nada, será que ele errou muito na hora de clicar? - cochichou o Zé.
- Ele nem me ouve, deve estar perdendo o jogo total. Viu que ele fala como nossos filhos falam quando eles estão no videogame e a gente chama pra almoçar? "Péra, toiiino!"
- "Toíiino", é, é isso mesmo. E a gente chama, chama e eles não vem. Idêntico ao garçom.
- Isso tá super "toiiino", Zé, que saco.
Qual o problema do bloquinho de papel? No restaurante aqui do lado de casa, a gente chegava, fazia o pedido e os garçons, depois que escreviam rapidinho no bloquinho, conversavam com a gente, faziam gracinhas, jogavam conversa fora. Ai veio a comanda eletrônica, eles dizem que fazem treinamento e tal, mas que nada. Demoram horas e horas para lembrar o código da coca-cola, do bife, do hamburguer, erram, apagam, deletam, e se perdem todos para adicionar limão e gelo. Olha só. Não é tudo que é moderno que funciona, vamos considerar, vai. Um cara que nunca jogou um joguinho não vai conseguir nunca ser campeão. Esse negócio de comanda eletrônica, pra mim, é uma das maiores asnices do mundo moderno.
- Conseguiu, moço? A gente tá com fome...