terça-feira, 9 de março de 2010

durma em paz, coelhinho



Foi aniversário da minha irmã Ângela hoje. Minha mãe fez uma festinha na casa dela. Minha mãe cozinha bem, faz comidas super gostosas, mas o lance dela são os doces. As sobremesas. Os bolos. Cheguei e fui direto olhar o que ela tinha feito pra Ângela.
- Tem bolo, mãe?
- Claro. Tá ai no aparador - ela avisou.
- Mãe.
- Que.
- Que é esse negócio no bolo?
- Esse negócio o quê.
- Esse enfeite.
- Ah. É um coelhinho da páscoa.
- Ele tá deitado, mãe?
- Tá.
- Porque, mãe?
- Era grande demais. Ficava muito alto em pé. Não achei menor no Pão de Açucar e não quis ir até a Kopenhagen.
- Ah.
Chegou o João.
- Vó?
- Que, João.
- O coelhinho da páscoa morreu?
Chegou o Chico.
- Nossa, por que a vovó colocou um defuntinho de coelho no bolo da tia Ângela?
- Shiuuu, Chico - eu implorei - Não zoa do bolo da tua vó, pô.
A Ângela chegou, viu o bolo, olhou estranho.
- Uau. Tem um coelho deitado no meu bolo, mãe?
- Tá dormindo, tia - disse a Nana, rindo.
- É o coelhinho da páscoa, filha - ela explica - Estamos perto da páscoa agora. É o enfeite.
Na hora de cantar parabéns, minha mãe coloca as velas de um modo estranho e alguém comenta.
- Vamos dar parabéns pro coelhinho morto da tia. Eba. Olha que velório estranho.
E na hora de servir o bolo, a Ângela, acostumada à mãe, perguntava.
- Quer bolo? Com ou sem coelhinho morto?
O cadaverzinho acabou no terceiro pedaço. Uma delícia o chocolatinho. É. Minha família é meio esquisita mesmo.

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