sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

duro ou mole


Bem. Pra falar a verdade, não foi só a porta quebramos no tal do hotel Lackawanna de Scranton. Quando chegamos e nos instalamos, o João entrou correndo no meu quarto.
- Mãe! Tem uma coisa genial nesse hotel.
- Que é?
- Deita na cama, mãe. Vai, deita.
- Deitei, filho.
- Agora olha esse controlinho aqui.
Era um tipo de controle remoto ligado na cama. O menino apertou, eu fui afundando devagar na cama. Uóóómmmm. Fui parar lá em baixo, a cama ficou super... mole.
- Agora vou subir você. A cama vai endurecer, mãe.
Uóóómmmm. A cama endureceu mesmo, virou uma tábua e eu subi de novo. Ficamos nessa, eu deitada e ele subindo e descendo, eu no duro, eu no mole, o João me pilotando. Sobe, desce, sobe, desce, sobe, desce, desce, desce...
- Agora chega, João, tá mole demais, ei, pááára filho, tou descendo demais!
- Mãe, não sou eu, é controle sozinho, eu não estou amolecendo a cama!
- Filho, socorro, vou parar no chão! Ai!
- Ixi, mãe, acho que quebrou.
Sai do buraco, que realmente quase chegava no chão. A cama de casal tinha enlouquecido: um lado estava alto e durinho, e do outro lado tinha um abismo afundado. Juro. O Zé entrou e ficou bravo, já quebraram? Ligamos pra recepção, pedimos a manutenção. Veio uma equipe de consertadores de amaciador e endurecedor de colchão, dois brutamontes com equipamentos e até um tipo de tubo de gás. Desmontaram tudo, colocaram o colchão em pé, bate aqui, desmonta ali, assopra lá. Avisaram que ficou pronto. Era pra eu testar, o brutamonte disse. Deitei, envergonhada na frente dos caras. Apertei o botão e fui lá em cima, no duro. Falei pra ele que tava ótimo. E não mexi mais no diabo do controle. Cada invenção mais ridícula que existe por ai. E que medo que me deu daquela cama. Imagina despencar no meio da noite?

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