quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

correndo de pernas curtas



Esse amigo arrumou um emprego num empresa grande e tinha um chefe que gostava muito de esportes. Logo no início, o chefe quis saber se ele fazia alguma coisa.
- Eu corro no clube, ele disse.
- Ótimo, disse o chefe, temos um time de corredores aqui na empresa, vamos em maratonas e corridas. Vou apresentar você ao time.
Chefe é chefe, ele pensou, melhor não contrariar. Ele não é um super corredor, mas topou entrar no time da empresa, e logo em seguida foi avisado que teria que correr a São Silveste. Achou chato, não era exatamente aquilo que ele queria fazer no reveillon, mas o emprego era tão bom e o chefe tão animado que concordou. Que remédio. Ganhou o kit da corrida da empresa, com camiseta com propaganda e tudo. O "time" combinou de largar junto, como uma equipe.
Lá foi ele no meio do bando, todo uniformizado. Correu, correu, correu e uma hora não aguentou mais. Não que não estivesse treinado, apenas não estava muito a fim de correr tanto. Uma certa hora houve uma dispersão e ele olhou pra cá, para lá e não viu ninguém da empresa, nem o chefe. Escapuliu pra uma ruazinha e pegou o primeiro táxi que encontrou e pediu para ir para os Jardins.
- Meu senhor, não dá pra passar a Paulista por causa da corrida.
- Então me deixa do lado de cá que vou o resto a pé, ele pediu.
Desceu na Brigadeiro e foi andando pela calçada, ao lado da corrida. Foi quando ouviu vozes chamando.
- Rapaz! Ô rapaz!
Era uma turma enorme de corredores da terceira idade, que começaram a animá-lo. Uns senhorzinhos super simpáticos.
- Rapaz, que qué isso? Você, tão moço e já desistiu? Vamos, corra com a gente! Temos o dobro da sua idade e estamos firmes! Falta muito pouco! Venha!
Ora, ele pensou, já descansei mesmo, acho que vou entrar na corrida de novo. Olhou pra cá, pra lá, não viu ninguém da empresa e pulou a corda de volta pra corrida. Entrou na Paulista com sua nova turma e pimba, passou a reta de chegada. Foi super aplaudido pelos senhorzinhos.
Tudo normal, ganhou medalha e foi pra casa. Porém quando encontrou o chefe e os colegas no trabalho no início do ano, não teve coragem de contar que... pegou um táxi. Ia pegar mal, o patrão ia ficar uma fera, e ele achou melhor não falar nada. Pensou que aquilo não teria consequência nenhuma. Bom. Tudo correu bem até que saiu a classificação, e ele (óbviamente por causa do táxi), tirou a melhor classificação da empresa. Fez um tempo maravilhoso, incrível, nossa, que preparo físico! Todos vieram elogiá-lo, e ele cada vez mais sem graça. Parabéns, parabéns!
Isso ele me contou esse ano, quando trocou de emprego, e o boato da sua sensacional classificação chegou na empresa nova. Agora foi convidado para correr novamente a São Silvestre, mas pela empresa que está. Ficou desesperado com o sucesso. Correr de novo? E agora?
- E agora, Lúcia, o que eu faço? Você pode me buscar no meio do caminho e me deixar na Brigadeiro de novo?

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