segunda-feira, 3 de setembro de 2007

maratona de filmes

Passei esse fim de semana vendo um monte de filmes na televisão. Sei lá porque fiz isso, essa coisa de ficar vidrada horas numa tela. Às vezes acontece com seriados, às vezes com programas de animais e às vezes com filmes, como ontem. Depois de um, dois, três programas eu me vicio e não consigo mais sair dali, de manhã até a noite. Maratonão.
Na verdade, eu tinha a intenção de ver uma coleção da Audrey Hepburn que o Chico comprou, mas o controle remoto do DVD pifou e, acreditem, o meu DVD não funciona sem o controle remoto. Coisa mais esquisita. Vimos um filme e meio dela, o controlinho morreu e lá fui eu me entregar ao Telecine.
De todos filmes que eu vi - filme de múmia, de bandido, westerns, de aventura, comédias, etc, - na minha cabeça ficou somente um, muito engraçado. Era um filme com o Dan Aykroyd. Não sei o nome, mas isso realmente não importa. Ele era um professor universitário, morava numa casinha de subúrbio em Brighton. Um dia descobre que seu vizinho é um putz nazista horrível. Fica incomodadíssimo e resolve que está nas suas mãos matar o cara, que o mundo vai agradecer. Dai bola um plano e envenena a macieira do cara com cianureto. Dá umas injeções, uma em cada maçã. Idéia idiota, claro, mas o cara toma um suco de maça feito num processador e morre. A polícia descobre, mas acham que o nazista se suicidou, pois nazistas como aquele sempre se arrependem um dia. Ele fica p. da vida, ora. Não quer que descubram que foi ele, mas quer que achem que alguém matou, pois na sua loucura ele tem orgulho do que fez. Dai ele manda uma carta anônima pra polícia, daquelas de letras recortadas de revista. A polícia declara que existe uma assassino, ele fica todo feliz.
No dia seguinte ele vê na TV a filha do velho nazista. Inga, o nome dala. Ela está dando uma entrevista, chorando, e fala mostrando os documentos do pai que houve um engano, que o pai não era nazista, que era um velhinho super bonzinho, cozinheiro do exército alemão. Ele fica em pânico. Como assim, matou cruelmente um inocente? Como não quer ir à polícia, ele resolve ele mesmo se punir. Abre mão da namorada loirinha e passa a cuidar da filha do cara, a alemã engraçada, e dos filhos dela. Como tem muita culpa, ele doa todo seu dinheiro para ela e faz coisas chatas com ela o tempo todo: leva cachorro no veterinário, passeia pela cidade conversando coisas sem graça, vendo programas horríveis de TV ao lado dela. Dai ela resolve voltar para a Alemanha e ele fica desesperado: como vai continuar a pagar a sua pena? Resolve que vai junto, e sem querer a pede em casamento. Ela topa, os dois vão passar a lua de mel num navio com os gêmeos.
Na noite de núpcias (engraçadíssima), depois deles treparem e depois dela dizer "ah, esqueci de te contar que não gosto de sexo. Você não se importa com isso, não é?", ela resolve contar um segredo para ele, pois agora é esposa dele. E conta que, ao contrário do que declarou na TV, o pai dela era sim o tal nazista horrível, o braço direito do Hitler. Ele fica em pânico, pois percebe que então ele se tornou o genro do nazista. Ele, que queria matar o nazista, agora é da... família? Não, não! Fica desesperado e conta para ela que foi ele que matou o pai. Ela fica gritando feito louca, pois para ela ele é um tarado pervertido que, além de matar o pai, casou com ela só por causa de sexo.
Ele volta para Brighton, conta a verdade para todos, quer ser julgado no tribunal e ser preso como herói. Afinal matou o nazista mesmo e se sente orgulhoso por isso. Mas o advogado dele (e irmão dele) é horrível, o juiz e o juri não entendem nada, e a alemã nem aparece no tribunal para depor pois "ficou histérica" e nada dá certo. Ele não é condenado, aliás, ninguém perde tempo com ele e ele fica feito maluco com isso, berrando no tribunal feito um louco "voltem todos, voltem todos!".
É muito engraçada essa coisa de um filme virar ao contrário a toda hora e pegar a gente de surpresa. Uma vez um amigo psicanalista me explicou que é assim que funcionam as piadas: que você acha que a história vai para um lado, e quando vai ver, ela vai pra o lado oposto. Por causa disso a gente ri: porque somos enganados pela trama. Engraçado perceber isso num filme bobo, e mais engraçado é ver que, de todos os filmes que eu assisti, esse que eu mais me lembro. Acho que é porque eu gosto de fazer a mesma coisa com as minhas histórias.

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