segunda-feira, 16 de outubro de 2006

pagar ou não pagar mico

Fui assistir no sábado o filme francês “Pintar ou fazer amor”. Li a crítica e a resenha no jornal e adorei. Como o Zé não estava em casa, perguntei aos meus filhos, aos amigos e namorados deles que estavam aqui se alguém queria ir comigo.
- Oba, cinema? – falou minha filha - Qual?
- 'Pintar ou fazer amor'.
- Ixi, lá vem a mamãe com os filmes de arte dela. Não podemos ir ver 'Torres gêmeas'?
- Claro que não, gente. Se vocês quiserem ver o meu filme comigo vamos agora, senão deixo vocês em outro lugar.
Como eles não chegaram a um acordo sobre um filme para eles, lá fomos todos nós ver o filme “da mamãe”.
Ai.
Pra quê.
Olha. Eu não estou fazendo esse post para falar do filme – que é bárbaro – e sim para falar de uma coisa que aconteceu durante o final de semana inteirinho: eu, a mãe que convidou e pagou, tive que pagar o maior mico por causa desse convite.
Que droga.
Ora, eu devia desconfiar. Um bando de adolescentes só vai ver um filme com a mãe, óbviamente, para tirar sarro dela. Como eu não percebi isso antes? E em bando a coisa é melhor e mais divertida. Dizem que isso é necessário para o adolescente se libertar dos pais. Mas dá licença, gente. Eu só queria ir ao cinema.
Tudo era o fim da picada: o cinema era anos-oitenta e super decadente, a freqüência de velhinhos múmias e zumbis, a pipoca era velha, praticamente da terceira idade, as minhas conversas eram ridículas e a cadeira não tinha nem encosto de cabeça. Mas o pior não foi isso. O pior foi quando o filme começou e eu entendi o enredo da coisa. Daí não tinha mais jeito. Percebi que estava numa cilada, ou melhor, que já tinha sido capturada pelos adolescentes-canibais. O que, no filme, era uma “... subversão a tradição burguesa pelo viés sensual onde Madeleine e William se redescobrem também no prazer, abrindo espaço para liberdades sexuais nunca antes cogitadas e onde intento da obra não é explorar a situação em profundidade, mas insinuar delícias e desejos de forma a pincelar um quadro impressionista...”, virou, obviamente, um... filme pornô.
Acham que eles iam perder a chance de tirar sarro de mim? Bastou entrarmos em casa que a coisa começou.
- Pai! A mamãe levou a gente num filme de swingers!
- Hã?
- Verdade, pai. Um filme de troca de casais! Hahaha!
- Como assim? – o Zé me olhou torto.
- Um monte de velhos fazendo swing, era isso pai – eles diziam rindo - A maior sacanagem! Ela deve estar interessada...!
Eu tentei explicar.
- Zé, não é bem assim...
Bom, foi isso o final de semana todo. Agora todos pensam que eu quero fazer swing: o Zé (que passou a me olhar beeem torto), a minha mãe, meus cunhados, meus amigos e todos os amigos dos meninos que vieram aqui.
Uma mãe swinger. Eu. Vejam que coisa. Fiquem longe de mim.
Mas concordo. É irresistível tirar sarro da mãe. Eu que deveria tomar mais cuidado.

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