quinta-feira, 6 de julho de 2006

o taxista "italiano"


Foi ontem, quando entrei num táxi.
- Moço, sabe do jogo?
- Acabou de acabar – ele explicou – Eu estava assistindo ali na televisão do ponto. Um a zero para a França. Pênalti.
- Ahhh.
- Ô tristeza. O Filipão ficou indignado, mas... – ele deu de ombros – Bom, agora resta torcer para a Itália.
- O senhor vai torcer para a Itália?
- Vou. Sou também um pouco italiano, sabe? Como sou mais português, estava torcendo muito para Portugal, porém agora não adianta mais. Mas ontem foi um tio em casa e ele me confirmou que tem uma parte da nossa família que é italiana. Então resolvi torcer pela Itália.
- Pena o Brasil sair, né?
- Pena, mas paciência. Agora viva a Itália - ele olhou pelo retrovisor - E a família da senhora, de onde é?
Tive vontade de rir com a facilidade daquele homem de se transformar em italiano de terça para quarta feira apenas para poder torcer por alguém na copa. No fundo, como adoramos futebol e copa do mundo, damos sempre um jeito para estarmos incluídos dentro dela. Nós, brasileiros, somos super otimistas e temos uma enorme necessidade de torcer por alguém, por isso sempre arrumamos sempre um vínculo, um elo, uma conecção, mesmo que esdrúxulos. Assim como esse taxista, durante essa semana toda todos nós fomos e seremos portugueses e italianos e franceses e alemães, não importa, apenas para poder parar no meio da tarde e ver o jogo, apenas para poder torcer.
- A minha família é igual a do senhor, de portugueses e italianos.
- Então, senhora, viva a Itália!

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