Nota para os adoradores do quadradinho dos comentários: acabei de descobrir que temos que ir até o "haloscan" e aprovar a colocação desse novo "it". Caso contrário eles desaparecem como num passe de mágica.
O Edu me falou hoje duas coisas engraçadas. Uma delas foi que ele lembrou que um dia meus filhos viram um telefone de disco e quase cairam para trás: o que era aquilo? Como funcionava? - É um telefone de antigamente - eu expliquei.
A primeira coisa que eles fizeram foi apertar os números dentro das bolinhas. Eles nunca usaram um telefone que não fosse de apertar botões.
- É para girar - expliquei.
Teve até briga para cada um experimentar aquele negócio sensacional.
- Agora eu, pôxa! Também quero!
E pensar que até ontem a gente usava telefone de disco!
A outra observação foi que ele, brincando, disse que eu era a gênia da informática, pois ele acha complicadérrimo colocar essas coisas no blog. Ah. Quem me dera eu pudesse entender um pouco tudo isso por aqui, colocar eu coloco, mas fica tudo meio torto.
Isso me lembrou de um dia, mais ou menos nove anos atrás. Eu tinha um computador pré-histórico no escritório, mas não tinha internet e nem sabia usar o autocad. Nem sei o que eu fazia naquela época com um micro ligado o dia todo sem internet.
Não ter internet, naquela época vá lá, mas autocad eu tinha que aprender. Resolvi que ia dar um jeito nisso sozinha: primeiro aprenderia a usar o cad e depois navagaria pela net. Mas detesto cursos e professores, só recorro a eles em último caso: adoro quando consigo fazer as coisas por conta própria. Nesse dia, decidida, saí dali e fui na FNAC. Comprei alguns livros de Autocad e computação e voltei toda animada para minhas aulas particulares comigo mesma.
Foi quando eu notei uma coisa terrível.
Eu tinha medo de computador.
Eu sei que isso, para as pessoas jovens com menos de vinte anos, é uma asnice total. Mas para nós, os de quarenta ou mais, não é. Muita gente da minha geração tem ou já teve muuuito medo de computador. Tudo depende da geração. Minha mãe, por exemplo, que tem mais de sessenta, tem medo de DVD, de aparelho de som e microondas. Eu não tenho, sempre fui super corajosa com televisores e aparelhos de som, sou a rainha da comida congelada, mas os computadores me deixavam de pernas bambas.
Na época eu tinha escritório com mais três colegas arquitetos, mas só um sabia mais que eu. O santo do Maurício. Como começei a adentrar aquele mundo estranho e perigoso da informática sozinha, cada clicada era cheia de pânico. De medo. De aflição. E cada vez que alguma coisa errada acontecia, eu ficava apavorada e recorria a ele.
- Maurííício! Corre, aimeuDeus, apareceu uma coisa aqui. Socorro, Maurício, que foi que eu fiz?
- Maurííício! Travou tudo, acho que perdi os desenhos todos! - eu falava, sem encostar os dedos no teclado - E agora, o que eu faço? Ajuda?
Era aterrorizante. Eu não tinha só medo. Eu morria de medo do computador. E o Maurício, que era todo quietão e que tinha uma paciência de Jó comigo, ia até a minha mesa e me ajudava, suspirando.
Um dia, sei lá porque, me deu um clic.
Medo?
Que coisa mais ridícula ter medo de computador, pensei. Afinal, eu era uma arquiteta moderna ou um caroço de manga?
- Maurício, eu sou uma anta. Imagina ter medo dessa maquininha de nada - falei para ele, que sempre me respondia com "hã-hãs" - Uma porcaria duma máquina. Não terei mais medo dela, nunca mais. Decidi. Agora ela vai ver quem é mais forte - eu resolvi - vou cada vez mais fundo, vou dar downloads de tudo, e ela que se exploda. Eu que mando aqui, Maurício, você não acha?
- Hã-hã.
Bem, foi uma grande decisão. Decisiva mesmo. A cada instante de pânico eu me lembrava daquilo e ignorava os ares de gênia daquela máquina ridícula. Afinal, eu era humana e eu que mandava ali.
Acho que se não fosse essa decisão que tomei há nove anos eu jamais estaria aqui escrevendo para vocês. Eu não tenho mais medo de computador, viu Edu? Mas não me pergunta como eu consigo fazer as coisas, pois eu não tenho a mais mínima idéia - vou entrando, entrando, desbravando, caindo e levantando e uma hora: pimba.
Dá certo.
- Né, Maurício?
- Hã-hã.
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