quilos e quilos de telefones
Marcelo Coelho na coluna dele, na Folha de SP de ontem:
"... Aliás, que coisa mais antiga, uma lista telefônica. Há anos não abro uma; uso cada vez menos o próprio telefone, preferindo a internet, e a lista pública de e-mails é um recurso que não entrou no repertório comum dos internautas. E ninguém se lembraria de publicar em papel uma coisa desse tipo. Sinal de que provavelmente só nos comunicamos com quem já conhecemos de algum lugar ou com pessoas que não conhecemos de modo algum, como nas salas de chat e nas comunidades do Orkut. Ou se é amigo ou se é total desconhecido; ou se é celebridade ou sujeito anônimo: o espaço para o cidadão comum, para aquela "pessoa pública", encontrável pela rua, dotada de existência civil, com nome e endereço numa lista, não mais existe..."
Reparou como é verdade? Uma das coisas que mais me impressionava na infância era a lista telefônica. Era enorme, pesada, com dois ou mais volumes, cheia de nomes em todas as letras. Para mim aquilo era fantástico: era o peso do tamanho da cidade. Íamos para o interior, na casa dos meus avós, e encontrávamos lá uma lista pequenina, leve, mínima. Coisa de cidade pequena. Chegávamos em São Paulo e carregávamos a nossa, orgulhosos. Quilos e quilos de telefones, toneladas de pessoas.
Impossível não estranhar o mundo virtual. O Marcelo tem toda razão. Não há sequer "cidade" aqui dentro, quanto mais uma lista de pessoas de um lugar. Mas alguém deveria inventar uma lista telefônica de emails sim senhor. Podia se chamar "Gooooogle Peooooople". Gasto um tempão para achar emails dos conhecidos, e já fiz muito uma coisa que considero meio ridícula: telefonar, pedir o email e mandar o recado por escrito.
Ô caipirice.
Nenhum comentário:
Postar um comentário