sexta-feira, 19 de novembro de 2004

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uma turminha em 83 - santa cruz das palmeiras
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O Alexandre mandou um texto para todos nós, que nos reencontramos depois desses vinte anos e que desde então, não paramos de nos escrever e brincar. A Mona me mandou uma foto de uma viagem da época da faculdade, onde nós, na linha do horizonte, apontávamos o futuro. Olha que lindo.
Tá todo mundo ai de novo, e agora na escrita, onde, como diz o texto, somos todos mais próximos da verdade.
Obrigada, mais uma vez, Alexandre.
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"Lembro-me, adolescente, de ter trocado cartas com certa garota de quem estava perto todos os dias, no liceu, com quem falava, e, entretanto, as cartas formavam entre nós um laço mais essencial, mais profundo, mais íntimo. As vezes elas passavam pelo correio, as vezes de mao para mão, e isso nunca nos pareceu extravagante nem absurdo. Por que se escrever quando é possível falar-se, quando se fala efetivamente? Porque nem sempre se pode falar, nem de tudo, porque a fala pode criar obstáculo para a comunicacão, por vezes, ou condena-la a tagarelice, porque é preciso ter tempo de ficar sozinho, porque é doce pensar no outro em sua ausencia, ainda que se deva ve-lo no dia seguinte, dizer-lhe o lugar que ocupa em nossa vida, mesmo quando ele não está presente, em nosso coracõo, em nossa solidão, e é isso que a fala jamais podera fazer, uma vez que ela a suprime. A fala não nos aproxima de outrem, com muita frequência, senão nos separando de nós mesmos, e assim nos aproxima do outro apenas ficticiamente, apenas em supeficie ou pela vitrina. Numa carta, ao contrário, só atingimos o outro ficando o mais proximo de nós. Mas o atingimos, pelo menos isso acontece, e numa profundidade que as falas só alcançam raramente.
A escrita é mais próxima do silêncio, mais próxima da solidão, mais próxima da verdade. Ao menos pode sê-lo, e é isso que a justifica. Que adianta escrever, se é para fingir?"
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"Bom Dia, Angustia", de André Comte-Sponville.

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