domingo, 28 de fevereiro de 2010

um milhão de amigos pra bem mais forte poder cantar



Facebook é legal, tenho me divertido bastante por lá, mas só agora, quando adquiri minha verdadeira identidade: "lúcia". Eu entrei como "Franka", e meus amigos de escola e faculdade, que não acompanharam o blog, se recusavam a ser meus amigos. Achavam que eu era um spam. Também, quer o que? O sobrenome da Franka é "Jason". E Jason, bem, Jason não um negócio meio serial killer? Sei lá. Desisti de ser Franka no face. Passei a ter um certo medo de mim. No face é melhor você ter a sua face de verdade.
Porém face tem umas coisas que não entendo. Uma delas é como as pessoas conseguem ter tanto amigo. Não é possível. Eu juntei todos meus amigos, todos que conheço e deu 134. Dai fui olhar os outros. Meu Deus. Tem gente com mais de trezentos, outros com mais quatrocentos. Nossa, que poucos-amigos que sou, me espantei. Será que é verdade? Será um truque que ainda não aprendi? Meu afilhado me disse que é porque a maioria dos meus amigos é velho e não tem face, e que na geração dele todo mundo tem. Não sei, tem amigos meus que são velhos e tem centenas de amigos, ora. O engraçado é que querendo não, eu fico com a impressão que aquilo é uma competição, entende? E como sou competitiva, ando a cada dia com mais vontade de ganhar. Quero amigos, poxa! Como eu faço pra ter um milhão de amigos pra bem mais forte poder postar?
Mas a coisa mais chata do face, não sei se vocês repararam, é que o próprio site não quer que uma pessoa tenha pouco amigo. As pessoas com pouco amigo sempre aparecem em destaque numa janelinha à direita, em cima, e em baixo da foto delas está escrito algo assim: ajude o fulano a achar amigos! Ele não tem amigos, dê uma força! E essa janelinha vai pra todos os amigos dos amigos, e até para aqueles que tem quatrocentos, quinhentos, então imagino que o fato de você não ter amigos vira uma fofoca nacional. Ai que medo de ir parar naquela janelinha, gente. Aquilo não é bulling? Sou a favor do face, sou contra a janelinha do bulling, mas tou no face. Alguém mais quer ser meu amigo? Hahaha.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

o bluetooth do mandioca



A gente tava no restaurante almoçando, eu, o Zé, os filhos. De repente, apitou o celular do Zé.
- Ué - ele disse - tem alguém querendo fazer bluetooth comigo.
- Aqui no Senzala? Quem é? - perguntou um dos meninos.
- Nossa que estranho... - e ele olhou o telefone, confuso - é um tal de "Mandioca".
- Mandioca, Zé? - eu estranhei.
- Mandioca, pai? - o Chico perguntou, rindo.
- Mandioca... - o Zé leu de novo, pasmo.
- Pai, porque um tal de Mandioca quer fazer bluetooth com você? Que coisa mais esquisita... - falou o João - iii...
- Você conhece algum Mandioca, pai? - a Nana indagou.
- Será que aqui no Senzala as comidas fazem bluetooth com os clientes? Daqui a pouco chega um bluetooth da Feijoada, outro do Espeto Misto, outro da Meia Picanha, hahaha! - comentou o Chico.
Bem naquela hora, diante da cara confusa do Zé e das gracinhas dos dois mais velhos, eu olhei para o João, que estava bem na minha frente e mexia em algo no seu colo. Ele percebeu que eu percebi algo, e fez rapidamente um sinal de "shiuuu, mãe".
- Aceita o Mandioca, pai - o João disse rapidamente.
- Eu aceitar o Mandioca? Eu? Nem a pau! - falou o Zé, ainda escasquetado.
Não aguentei e tive um acesso de riso. E para não encompridar a piadinha, o João confessou.
- Sou eu, pai. Era uma brincadeira com você.
- João! Pô! - o Zé ficou bravo.
- João, filho - eu quis entender - de onde você inventou essa gracinha?
- Eu sempre faço isso, mãe. A gente precisa inventar um nome pra ser visto nos bluetooths, não é? Eu então sou o Mandioca. Que é que tem de mais?
Uma semana depois, na pizzaria do clube, o meu telefone apitou.
- Tá tocando seu telefone, mãe - alguém disse.
Era um aviso de bluetooth. De quem? Do "Imperador do Amor".
- João!
- Tá, tá, sou eu...

sábado, 20 de fevereiro de 2010

a cocacolona




Foi naqueles cafés-pipoqueiros-lanchonetes da sala de espera do cinema. Estávamos eu, Zé e João morrendo de sede, pedimos uma coca cola e uma água.
- Coca pequena ou média? - a mocinha perguntou.
Ficamos na dúvida. O Zé arriscou.
- Hum. Média.
Putis, veio um balde enorme. O João e eu olhamos pra o Zé.
- Nossa, que exagero, Zé... - comentei - deve ter uns dois litros ai.
- E essa é a média, Lú - ele observou - imagina a grande.
- Mas não tinha grande, mãe - lembrou o João - Eu ouvi o que a moça disse. Só "pequena" e "média". Vocês não acham estranho isso?
- Isso o que, Juca?
- Isso que eles fazem atualmente em um monte de lugares. Eles vendem cocas "pequenas" e "médias", e não vendem a "grande". Porque então não vendem como "pequena e grande"? Se só tem duas...
- É mesmo, filho.
- A mesma coisa na pizzaria lá perto de casa. Tem pizza média e grande, já reparou? Mas não tem a pequena. Então deviam colocar no cardápio: pizza pequena, pizza grande, claro, e tirar a média.
- Porque será que as coisas do nosso mundo ficaram assim? - o Zé perguntou.
- Pra enganar, pai - disse o João - eles tão enganando a gente,tá na cara. No caso da pizza talvez seja para eles cobrarem mais por pizza pequena. Como se a deles não fosse tão pequena e valesse mais.
- E esse lance de coca média, João? - indaguei.
- Ué, deve ser pra não dar vergonha na hora de você pegar. Você pede a média, afinal não é grande, vem esse balde imenso, e dai você pensa: "nossa, imagina a grande". A grande não existe, é imaginária, o nome "média" é só pra disfarçar e deixar a gente a vontade aqui na sala de espera do cinema. Tudo truque pra vender, mãe. Os caras de marketing devem chamar isso de "a enganação da cocacolona".

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

o cartão do césare



Estávamos conversando num fim de tarde, eu, o Césare e minha irmã Angela. O Césare é um amigo nosso que é ator e faz animações para festas de crianças. Os shows dele são super bacanas, a gente morre de rir. Recomendo.
- Vou fazer uns cartões novos para distribuir - ele anunciou - uns cartões bem legais, tou estudando como fazer e...
- Hum, Césare, eu tava pensando... - falou minha irmã, que se virou pra mim - Lú, lembra do cartão do saxofonista?
- Aquele cartão com foto? - perguntei.
- É - ela respondeu e explicou para o Césare - é que a gente recebeu um cartão de um cara saxofonista, e o cartão do cara é uma foto dele tocando saxofone. O cara é bacanão, ficou legal o cartão dele. Vou buscar pra te mostrar, perai.
- Cartão com foto? Não é uma coisa exibida? - perguntou o Césare.
- Não acho - eu intervim - ora, se você vai contratar um cara pra tocar na sua casa, por exemplo, é bom saber quem vem. Não acha legal saber qual é a cara da pessoa que vem?
- Claro - concordou a Ângela, mostrando o cartãozinho do saxofonista pra o Césare - mas é claro! Imagina se você contrata um saxofonista com cartão sem foto e aparece um sujeito horrível na sua casa. Ter uma boa aparência ajuda muito quando se trata de shows, Césare. É ótimo essa coisa de fazer um cartão com cara. Importantíssimo isso.
- Mas só "cara" não adianta, Ângela. Olha o cartão do saxofonista, ele está de corpo todo na foto.
- É verdade, lúcia... - e ela passou a tapar o corpo do cara com os dedos - Olhando um cartão só com a cara da pessoa você não sabe se está contratando um gordão... um magrelo... um anão...
O Césare deu um pulo.
- Anão?
- É, Césare - e ela concluiu, definitiva - cartão de corpo todo é melhor.
Uma semana se passou, encontramos o Césare de novo. Ele abriu a carteira, deu pra gente seu novo cartão e lembrou.
- E reparem: ahá! De corpo todo!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

o primeiro banho do ano

Detesto lavar o carro. Além disso, meu carro não merece ser lavado: tem quebrado, esquentado, fervido, morrido, não tranca as portas direito, não fecha o vidro direito, tá com o ar condicionado quebrado e os botões do rádio caídos. Faz um tempão que eu não lavo. Não dá vontade de lavar um carro que não te dá paz. Não arrumei tudo ainda, mas hoje resolvi dar um banhinho nele. No calor achei que seria uma delícia.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

parede com atrito



Ontem na hora do jantar o João contava da casa de um amigo. Ele vive na casa desse amigo. Eu nunca fui.
- João, tenho curiosidade de saber como são as casas dos seus amigos... Acho a nossa casa tão esquisita, tão mal arrumada. Como é a casa desse amigo, por exemplo? É chique, decorada, super organizada? - perguntei.
- Ué, mãe, é uma casa normal.
- Como a nossa?
- Não, diferente, claro.
- Diferente como?
- Não sei o que você quer saber, mãe. Pergunta direito que eu respondo.
- Hum, vou fazer algumas perguntas então, filho.
- Vai.
- Hum. Tem paredes coloridas na casa?
- Tem. Um monte. Tem uma amarela, uma vermelha escura, uma azul. Mas uma delas, mãe, é daquelas com atrito. Sabe como é?
- Hã? Parede com atrito?
- É, daquelas que quando você encosta, dói.
- Dói? Você quer dizer parede com textura? Com massa texturizada?
- 0 que é textura?
- Esquece, já entendi, João. Agora outra pergunta. O sofá. Como é o sofá da casa?
- O sofá é daqueles que tem um pano que dá pra escrever com o dedo.
- Hã?
- Sabe aquele pano de sofá que se você passa o dedo de um lado ele fica de uma cor e se passa de outro fica de outra cor? É assim o sofá. Dá pra escrever o nome. Eu sempre escrevo.
- João, que respostas absurdas. Deve ser camurça sintética.
- Camurça o que? Sei lá o que é isso. Continua, mãe. Faz mais perguntas.
- As cadeiras da mesa de jantar. Como são as cadeiras da mesa de jantar?
- São cadeiras de mesa de jantar.
- Mas como são?
- São...
- O que você está fazendo de olho fechado, filho?
- Lembrando da sensação de quando sentei lá porque não lembro. Olha, na parte de trás tem uma parte dura, não é estofado. Já onde senta é fofo, tipo almofada.
- A mesa é de vidro ou madeira?
- Não percebi, só olhei a comida.
- Tá, acho que já entendi como é a casa.
- Não vai perguntar do lugar mais importante?
- Qual o lugar mais importante?
- O lavabo, ué, mãe. Você vive falando de lavabo e banheiro em crônica.
- Como é o lavabo, João?
- Todo decorado, escuro, estilo antigo, com quadros e remédios.
- O que é um lavabo com quadros e remédios? O que você quer dizer com isso dessa vez?
- Quero dizer que tem quadros na parede e remédios na pia, ué.
- Remédios de verdade?
- É, remédios de verdade, qual o problema? Eles deixam os remédios da casa no lavabo, acho que é pra o caso de alguém precisar urgente.
- Remédios no lavabo?
- É, parece um banheiro de uma vovozinha hipocondríaca.
Que nó. Bom, acho que minha casa é normal.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

a escolha de franka



Quebrou a fechadura do portãozinho da rua de casa. Não fechava de modo algum. Liguei para o chaveiro.
- Preciso que vocês mandem alguém aqui, por favor. Quebrou a fechadura do portão.
- Pois não, senhora. A senhora tem preferência por alguém?
- Hummm. Uma vez já veio um rapazinho aqui. Um magrelo. Não lembro o nome.
- Sérgio? Altair? Júnior?
- Hummm. Acho que foi Júnior.
- Tá, vou mandar o Júnior.
Um tempo depois chega o Júnior com sua maleta. Acertei o nome, era o mesmo que tinha ido no ano anterior. Mexeu, bateu, aparafusou e arrumou a fechadura. Garantia de seis meses, ele disse, pois a peça está enferrujada. Paguei o conserto.
- Muito obrigada, Júnior, e tomara que eu não precise te chamar tão cedo, né?
- É. Mas muito obrigada a senhora.
- Muito obrigada de que?
- Muito obrigada de me escolher.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

big big borrão



No BBB desse ano tem um cara que é maquiador e um menino-emo magrelo que também adora se maquiar. É o paraíso das meninas, que estão praticamente dentro de um... salão de beleza. Um monte de Amys Winehouses. Mas tudo vira tragédia dia após dia dentro da "casa", as meninas choram sem parar e se borram todas. Parece filme de horror, aquele monte de olho roxo, escorrido. Dai o maquiador e o emo passam metade do programa limpando a cara delas e falando "meninas arrumem isso, pelo amor de Deus, o Brasil inteiro tá vendo!". É muito engraçado.