Juro que eu vi essa cena. Não vou comentar, só contar. Estava na sacada do apartamento do meu primo Francisco, ontem, nos Jardins, eu, ele e um amigo nosso. Olhamos para a calçada e vimos uma mulher passeando com um cachorrinho poodle. O cachorrinho fez cocô, ela tirou da bolsa um saquinho de plástico, colocou a mão dentro e pegou. Inverteu o saquinho, deu um nó, foi até a lixeira do prédio e jogou fora. Pegou o cachorrinho no colo, tirou da bolsa uma caixa de lenços de papel. Sacou dois lencinhos e limpou a bunda do cachorrinho, depois jogou o papel fora na lixeira. Ainda com o cachorrinho nos braços, ela foi até um carro. Destravou com a chave, abriu a porta do passageiro e colocou o poodle lá dentro. Fechou a porta, deu a volta no carro, entrou na porta do motorista, manobrou, saiu da vaga e foi embora. Nós corremos e anotamos a placa do carro.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
franka´s power
NOTA IMPORTANTE:
Acabei de descobrir hoje que a Fnac de Pinheiros agora tem fila única. Óbvio que eles leram o "frankamente..." ontem, compraram as cordinhas e os postinhos e instalaram essa modernidade hoje.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
pensamento do dia: a fila
Filas no nosso mundo são assim agora. "Únicas". Esse minhoqueiro de gente com postinhos e fitas. Espaços virtuais criados na hora, que fazem um caminho até o destino. Meus filhos acham normal, engraçado alguém achar normal uma coisa que você viu ser inventada. Lembro de ir ao banco quando os bancos não eram tão virtuais (e portanto eram lotados) e quando ainda ninguém tinha pensado em organizar as filas. A gente tinha que ser esperto - não entrar em fila com boy de pastinha, pois aquela ia encalacrar. Putis raiva que dava quando a fila do lado (não existia "fila única" para os caixas de banco) andava rapidinho e você ali, empacado atrás dum cara com setecentos pagamentos. Ainda existem locais sem fila única. Na Fnac de Pinheiros, por exemplo. No super aqui ao lado de casa também.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
franka na chuva
Juro que foi sem querer. Hoje, por causa dessa incessante chuva, choferei os filhos o dia todo sem parar. Eu vi a mulher, e eu vi também a mega poça d´água, mas era tarde demais. Foi inevitável, não dava para parar, para desviar e nem para tirar a mulher dali. Passei com tudo na poça e ensopei a mulher todinha. O certo deveria ser parar e pedir desculpas, mas como parar no meio de uma avenida, a 50 por hora? Olhei a catástrofe pelo espelhinho retrovisor, pensando "que droga, coitada". Mas depois lembrei que existe um certo conformismo dos pedestres com esse tipo de banho de poças em dias de chuva. É bastante normal um pedestre se molhar por causa de carros, e eu mesma já levei diversas espirradas. Na maior delas, num ponto de ônibus da Paulista (óbvio que existia um "porquê" para o melhor e mais coberto lugar do ponto de ônibus estar vazio), acabei tendo que voltar para casa para trocar de roupa, uma vez que, além de molhada, eu fiquei imunda. Creio que existe um certo código entre pedestres e carros em dia de chuva: os pedestres devem ficar atentos, os motoristas idem, mas se acontecer, aconteceu. É meio normal. Também pensei que um fato desse, ocorrido com um pedestre, também é um grande assunto para se falar a troco de nada. "Levei um banho na rua", a pessoa pode dizer, "me molhei todinho". Os outros provavelmente vão olhar, consternados, e contar que um dia isso também já aconteceu com eles. Toda essa explicação para tirar a culpa que senti de molhar a pobre mulher agora há pouco.
domingo, 27 de janeiro de 2008
franka assiste, eugênia canta
Conheci a Eugênia no ano passado. Foi a primeira cantora que eu conheci na vida - excluindo a minha mãe, que sempre foi uma grande (e inédita) cantora de rua, sempre soltando a voz na Haddock Lobo e na Paulista ao lado das envergonhadas filhas (minha mãe nunca decorou direito letras de músicas e cantava todas em "na-na-nanããã"). Um tempo depois conheci também a Andréa Dutra, blogueira como eu e a Eugênia, simpaticíssima. Mas fora a minha mãe - que já vi em ação - nunca tinha visto nenhuma amiga cantora cantar, cantar mesmo, e confesso que fiquei super curiosa para saber como a coisa funcionava. Aliás, lembro também não conheço nenhum cantor homem - excluindo também um amigo blogueiro que não posso citar o nome aqui (mas que óbviamente todos sabem quem é).
A Eugênia deu um show aqui em São Paulo na semana passada e eu fui assistir. É maravilhoso ver um amigo cantar. Claro que dá vergonha no começo, pois você acha que a pessoa vai falar, lá na frente, todas as gracinhas e coisas engraçadas que ela fala nos restaurantes e nos bares, o que, claro, não acontece. Depois você se acostuma, e percebe que tem pessoas existem no mundo para isso: para cantar. Cantar para os outros, cantar para o mundo. O prazer que isso dá é uma coisa maluca.
A Eugênia começou o show dizendo que não ia cantar em português e nem em português (uma pena, pois ela cantando Lulu Santos - "quando um certo alguém..."- é demais, hahaha). Avisou que ia cantar as músicas que ela mais gostava, e que essas músicas eram em diversas línguas. O show foi um desbunde, bárbaro. Eu fiquei encantada com ela, as músicas e o show, e é somente isso que me faz fazer esse post. Encontrar alguém do mundo que existe para cantar, e descobrir que essa pessoa tem a coragem de cantar só o que gosta é das melhores coisas do mundo. Eu não entendo de música como o Neil, não canto como ela, não toco instrumento nenhum e meu itunes é um vexame. Mas cada-um, cada-um, e, se eu pudesse me desejar um futuro nessa vida, queria isso: existir para escrever e escrever só o que eu gosto. Acho que é ai que a gente existe com alguma plenitude. É ai que se chuta do balde de mediocridade. É só ai, nessa verdade, que existe alguma passarela sobre as perigosas avenidas que temos que atravessar.
sábado, 26 de janeiro de 2008
trinta anos depois
Lembra dessa foto que eu postei uns posts abaixo? Passei no mesmo lugar outro dia e não aguentei: tirei uma foto na mesmíssima posição, trinta anos depois. É em frente ao prédio que morei quando menina, na Haddock Lobo. Olha, a calçada é a mesma, as casinhas na esquina idem, uma árvore ainda persiste. E a minha bolsa daquela época era muito mais legal, com a margarida.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
o D. e a origem do puffe
o meu amigo D. e os puffes
(nota: o puffe da esposição não era igual a esses, mas adorei essa imagem)
Foi na inauguração da exposição do meu amigo Paulo Von Poser, na galeria Monica Filgueiras, essa semana. Estava sem carro e para chegar lá andei um monte. O problema é que eu estava de salto, e andar de salto pelos jardins é fogo. Além das calçadas, tem uma infinidade de subidas e descidas. Cheguei lá e meu pé começou a doer. Foi quando percebi que do lado de fora da galeria, na frente, quase na calçada, foi montada uma tenda quadrada, parecida com aquelas que são montadas nas praias do Guarujá. E nessa tenda havia um enorme puffe. Quadradão, como se fosse uma enorme banqueta. O puffe fazia parte da exposição, pois era revestido com um tecido com um desenho do Paulo, mas quem quisesse podia sentar nele.
Foi um putis alívio (um puffis alívio?). Além de ser gostoso de sentar, o puffe estava num lugar super estratégico, na frente da porta, ou seja, de camarote pra o tapete-vermelho Hollywood dos fotógrafos. Cada famoso que entrava era aquele clic-clic total. O puffe era demais, tinha até atração.
Em pouco tempo o puffe lotou. Cabiam quatro de cada lado e eu estava no melhor lugar, aliviando meus pés e me divertindo. Foi quando chegou um amigo meu que sabe de tudo, o D.. Não tem pergunta que o D. não saiba responder. Imagino que para algumas perguntas ele até invente umas respostas, mas se ele faz isso ele faz super bem, porque a gente acredita mesmo. Lá veio ele pra frente do puffe, e eu lasquei:
- D., me responde: qual a origem do "puffe"?
Olha, sou meio distraída. E desavisada. Para mim, o puffe veio dos anos sessenta, daquelas decorações psicodélicas que incluiam objetos de acrílico e luzes lisérgicas. Se não consegui ir além disso para trás na minha pobre análise da história do mobiliário de decoração no Brasil, imagina no mundo. Mas o D., o homem que responde tudo, nem hesitou.
- Origem do puffe? Otomano.
Todo mundo olhou para ele. Otomano? Hã? Será que era verdade? Olha, se é verdade mesmo ou se não é era é impossível saber naquela hora. Todo mundo aceitou a excelente resposta, todos boquiabertos, afinal, ninguém tinha o menor embasamento teórico para questionar uma resposta tão boa como aquela. E ele, inflado, foi além.
- Foi criado pelos sultões. Os califas. Eles que criaram os puffes. Eles se recostavam nos puffes para descansar e fumar.
Uma resposta magnífica, achei. Digna de um sultão, claro. Talvez eles, os sultões, talvez também tivessem dores nos pés. Que sapatos será que eles usavam? Esqueci de perguntar ao D..
Olhei para a frente. Os flashs clicavam um estilista famoso da SPFW que acabava de entrar. Assim eu, uma verdadeira sultona otomona, me recostei no puffe e acendi um cigarro para apreciar. Ora.
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
maturidade
Fui descarregar as fotos do meu celular agora e descobri que ele tirou um monte de fotos de dentro da minha bolsa sozinho. Não sei como ele ligou a câmera do nada, eu demoro horas para conseguir. Outro dia eu vestia um casaco cor de laranja, e esse fenômeno ocorreu dentro do bolso casaco - surgiram um monte de fotos cor de laranja, pois o flash estava ligado (devia ser interessantímo me ver de longe com o bolso acendendo e apagando). Filme ele ainda não fez, mas acho que é uma questão de tempo.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
sábado, 19 de janeiro de 2008
dó ré mi franka II
quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
filha de miss
- Como que é, mãe?
- Como que é, vó?
- É verdade. Um dia, quando eu era mocinha, eu fui Miss.
- Miss, mãe?
- Miss, vó?
- Foi no colégio interno. No Sacre Coer. Fui Miss Sacre Coer.
- Hahaha, mãe.
- Hahaha, vó.
- Coisa mais ridícula que inventaram. Tinha essa moda de Miss pra cá, Miss pra lá naquela época, e as freiras resolveram que tinham que eleger uma Miss do colégio. As freiras se reuniram e escolheram eu e uma outra loirinha. Depois levavam a gente de classe em classe, apresentando: "essas são as candidatas a Miss Sacre Coer, vocês votem em quem preferem". A gente tinha que ficar quietinha, paradinha, rindo, para elas escolherem, as outras meninas.
- E você ganhou?
- Ganhei. Fui até coroada.
- Que absurdo, vó. Que da hora.
- Absurdo e esquisito é o título, nunca me conformei com isso. Miss Sacre Coer? Miss Sagrado Coração de Jesus? Lembra da imagem do Santo com o coração no peito? Agora pensa numa Miss com o nome desse Santo ao lado do Santo. Não tem nada a ver uma coisa com outra. Eu acho que devia ser até pecado. Ah, essas freiras. Tudo maluca.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
franka poeta, franka escultora
Bem, eu tento.
Semana passada eu resolvi escrever poesia. Sentei aqui e pensei por onde deveria começar. Tentei juntar algumas frases, ficou uma porcaria. Dai eu pensei que o que sei são escrever textos e crônicas, e que eu deveria começar por eles. Escrevi então uns textos e uma crônica, olhei para eles começei a tirar uns pedaços. Fui encolhendo, encolhendo, encolhendo. Depois me ative à pontuação, que julguei importante também. O mínimo de palavras, o mínimo de verbos, apenas imagens. Escrevi assim quatro poesias. Uma delas, "idiota", publiquei aqui - e acho que ninguém entendeu patavina.
No dia seguinte, reli as outras três. Achei horríveis, assim como achei esquisitíssimo a poesia "idiota". E assim resolvi encerrar a minha carreira de poeta, que durou menos de 24 horas e resultou em quatro poemas esquisitíssimos. Não vou colocar aqui pois tenho certeza que teria gente que ia falar "ah, não está tão ruim assim, ô Franka", o que me incentivaria a continuar, coisa que não pretendo fazer. O "frankamente ..." é um blog de crônicas. Crô-ne-cas.
Ontem, na casa da Bê, resolvi tentar outra coisa. Fiz uma escultura de arame, imitando a Bê, que anda fazendo coisas incríveis em arame. Peguei os araminhos e tentei, tentei, tentei. Meus dedos ficaram doloridos. Fiz uns casulos, um pingente de colar, um escorpião, um nó esclamado e essa girafinha ai da foto. Gostei do resultado. Franka poeta não, Franka escultora, quem sabe.
Bem, eu tento.
segunda-feira, 14 de janeiro de 2008
como franka lava louça
Eu lavo louça. Não sou boa de cozinhar e sempre deixo essa função para o Zé, que adora, mas lavo louça. Nos finais de semana lavo muita louça. Muita. Tenho até uma máquina lava louças pequena e velha, mas dependendo do volume, dá mais trabalho colocar as coisas lá dentro do que lavar na mão.
Não é fácil enfrentar uma pia entulhada de coisas. Acho que o principal é ter coragem para começar. Primeiro é preciso organizar o espaço. Prefiro sempre colocar tudo, absolutamente tudo que precisa ser lavado do meu lado esquerdo, pois o escorredor fica do lado direito. Tiro tudo da mesa e empilho, é bom ter uma noção do tamanho da encrenca. Depois deixo a pia vazia, sem nada, só com o ralinho na posição certa. Tenho horror de lavar em pia cheia de pratos, é como se a sujeira dos que estão sendo lavados fosse toda para os outros, que na minha opinião teriam que ser mais lavados ainda. Gosto de esponja nova, mas não é sempre que tem, e detergente sem cheiro, os de maçã ou pinho me deixam enjoada. Começo sempre pelos copos, pois avalio que as bebidas são menos sujas que as comidas, pois não tem gordura. Eles nunca cabem no lugar dos copos do escorredor, e sou obrigada a pegar um paninho de prato, colocar na mesa e emborcar os sobressalentes ali. Depois vem os pratos, adoro que eles tem o lugar certinho no escorredor. Primeiro os grandes, depois os de sobremesa. Depois as xícaras e os pires, que não cabem em lugar nenhum e escorregam, me dando trabalho. A parte dos talheres é meio exaustiva, sempre acho que gasto água demais, mesmo lavando de dois em dois. Sempre coloco para secar no escorredor apropriado de copinho-furado com a parte que se come virada para cima. Talheres são demorados e chatos de lavar, e o pior é o pegador de macarrão. Depois lavo as travessas, que sempre me dão trabalho por causa da gordura e restos, que sempre tiro corajosamente com a mão e coloco no lixo. Eu sempre me molho todo para lavar as travessas, pois elas são maiores que a pia. Ralador de queijo também é difícil, assim como o copo do liquidificador. Por último lavo as panelas, que precisam de diversos enxágues para tirar o sabão. As panelas também não cabem no escorredor, então limpo o fogão com Veja e papel absorvente daqueles de fritura e as coloco ali, viradas de cabeça para baixo. Sempre sobram uns cacarecos, tupewares e potinhos, que lavo e coloco em cima dos pratos em equilíbrio instável entre o escorredor e a parede. Limpar o ralo é a coisa mais nojenta do mundo, mas faço na boa depois de ensaboar a bancada da pia toda - a parte que eu mais gosto -, jogar água com um dos potinhos e puxar com o rodinho. Lavo bem o ralinho e limpo a pia como se fosse uma travessa. Depois seco um pouco as bordas da pia toda com papel absorvente de fritura. Retiro o lixo da lixeira e jogo lá fora, depois troco o saquinho. Às vezes, quando vejo que o chão está muito sujo de farelos, pego a vassoura e varro, mas nunca é muito caprichado. Passar pano no chão só quando alguma coisa realmente cai e meleca o piso. Não seco e não guardo nada. Acho muito legal ver a cozinha arrumada depois. Eu sempre saio da cozinha e entro de novo só pra olhar. Dá a maior satisfação.
sábado, 12 de janeiro de 2008
idiota
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
franka não conta sonho nem a pau
Já falei disso aqui no blog uma vez e repito: acho chatérrimo assunto de sonho. Quando alguém me diz "nossa, sonhei uma coisa louca essa noite" e começa a me contar o sonho, tenho vontade de morrer. Tenho vontade de dizer: "e daí?". Porque ouvir sonho é muito sem graça. E alguém já viu sonho não ser... louco? Sonho nunca tem lógica alguma e você, se não é um especialista na área, não vai tirar proveito nenhum daquilo. E pensem bem - sonho não se compara. Assunto de sonho pra mim, é monólogo total.
Acho que a minha implicância é porque, em histórias de sonhos, a coisa não aconteceu. É tudo mentira sem pé nem cabeça. Sonhos são coisas sonhadas, não coisas que aconteceram de verdade, gosto de histórias que aconteceram de verdade. Não conto meus sonhos para ninguém. Posso até comentar "sonhei com você", mas não conto mesmo.
O pior é gente que interpreta. Um dia, duzentos anos atrás, quando ainda não tinha percebido a chatice dos sonhos, contei um sonho pra um amigo e ouvi o que não queria ouvir. Ele fez uma análise indecente, que me deixou profundamente envergonhada na frente dos outros. Tudo culpa minha que contei, e quem conta, está aberto a análises indecentes. Cuidado.
Mas o que eu queria realmente falar é outra coisa, que tem meio a ver com sonho. Sobre fotos antigas. É que eu tenho algumas imagens de infância que eu só sei de foto. Tenho medo de algumas fotos, pois me parecem sonhos fotografados. Algumas são imagens meio sem graça, uma vez que não lembro que aconteceram de verdade.
Vejam a foto acima. Claro que eu não lembro de quando tirei essa foto ai. E nem sei onde estava. Não lembro mesmo. Mas imagem está ai, gravada, e a menina da direita, com a franja e a bonequinha, sou eu. Quando eu encontro, como hoje, fotos como essa, fico com o maior arrepio. Parece pesadelo, o que essas quatro menininhas estão fazendo sozinhas no meio desse mato? O que eu faço ali??? Que foto - pesadelística, gente. Vejam que ninguém sorri, e parece que só eu conheço o fotógrafo. É absolutamente sinistro. Reparem a minha irmã, a pequenina, se esconde, que a segunda menina da esquerda para a direita parece que olha para um monstro, e que a terceira virou uma estátua-estatelada.
Isso pra mim é outro tipo de sonho. Essas imagens onde dizem que eu estou e não me lembro. Esquisitas essas memórias que a gente cria sobre imagens.
quarta-feira, 9 de janeiro de 2008
franka ventre
Cheguei em casa e ele estava sentado na sala conversando uma amiga.
- Oi Chico. Oi amiga.
- Oi mãe.
Olhei ao redor. A sala estava horrível, escura, as portas do jardim fechadas, um clima feio na sala, pra conversar com uma amiga na sala é legal as luzes estarem certas, pensei.
- Chico, que coisa. Custava abrir a porta, acender os abajurs, colocar uma música pra sua amiga? - eu disse, andando de cá pra lá, acendendo luzes e criando um clima gostoso.
Fui colocar uma música.
- Mãe, não exagera, música não precisa. Eu sei como você é e daqui a pouco você se anima e começa até a dançar.
- Vê que coisa? - falei pra menina - ele morre de vergonha de mim.
Ela foi sincera.
- Pô Chico, tão legal mãe dançar. Minha mãe faz dança do ventre e eu acho o máximo. Teve até uma apresentação e...
Ele olhou pra amiga e interompeu na hora.
- Pára com isso, pára!
- Você não sabe como é legal ver tua mãe no palco dançan...
Ele quase gritou.
- Não dááá a idéééia pra ela por favooor!!!
Eu e a menina olhamos para ele, rindo.
Ele olhou só pra menina, seríssimo.
- Pára de incentivar minha mãe pra fazer uma coisa dessas, pára! Eu te bato! Não posso nem imaginar isso, não, minha mãe fazendo dança do ventre no palco não!
Hahaha.
Olha que idéia genial.
Tem mães que fazem dança do ventre!
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
lagarteando no fim de semana
sexta-feira, 4 de janeiro de 2008
mimaquiei, enfim
Antes do ano novo eu consegui. Só não contei antes porque não tinha uma foto para comprovar (agora eu tenho, olhem acima!). Encontrei com elas no domingo passado. Duas amigas do a. . Na mesa, eu comento sobre o assunto da maquiagem. Eu não tenho tantos assuntos assim, e confesso que costumo repetir alguns que conto no blog ao vivo. Muitas vezes eu ouço o seguinte comentário: ei, Franka, bonequinho pra você, isso você já contou. É meio broxante, mas penso que escrever crônicas é um bom modo de arquivar assuntos e vale a pena ser repetitiva ao vivo.
Pois eu comentava sobre minhas tentativas de maquiagem, quando uma delas me interrompe.
- Me conta como você está fazendo.
Elas não me conheciam nem conheciam o "frankamente..." até então, portanto eu pude repetir o tal passo a passo tranquila. Foi quando uma delas me interrompeu, com ares de super-fera no assunto.
- Não, não, Franka. Tsc.
- Não? Tou fazendo alguma coisa errada?
- Tudo. Pena que eu não tenho todas as minhas coisas aqui pra te ensinar.
- Eu tenho alguns produtos – disse, tímida, diante de uma pessoa tão peagadê como ela parecia ser – desde que comprei eu levo na bolsa.
Olhei o rosto dela para ver se ela estava maquiada. Estava. E era sensacional. Profissional.
- Deixe-me ver o que você tem – ela disse, resolvida.
Pegou meu estojinho e avaliou.
- Hum, mais ou menos. Essa sombra não sei... E cadê o lápis?
Acho que todo mundo sabe que esse assunto interessa a muitas mulheres, e ela começou a mexer na bolsa dela, assim como a outra amiga. E, sei lá de onde, surgiu uma sombra preta, um aparelho de entortar os fios do cílio, lápis e um pó. Ela me mandou sentar ao lado dela, despejamos todos os apetrechos na mesa e ela começou.
- Primeiro aqui. Pouco corretivo.
Ia passando com dedo, pequenos toques. Foi me ensinando aos poucos e me mostrando no espelhinho. A outra amiga ia ajudando, como uma instrumentadora. Eu ali, em plena cirurgia no bar. Mil dicas.
-Não coloque corretivo em cima do olho. Isso, só aqui. Agora o lápis. Faça assim. Vê? Agora passe o dedo. Para cima, entende?
- Entendi.
Que pena que não fiz um iutube daquilo.
- Você não tem um curvador de cílios como esse? – ela disse - ora, toda mulher tem que ter um. Compre amanhã mesmo numa farmácia, e use antes de colocar o rímel. O rímel coloque duas vezes. Uma para encher os cílios, a outra para encompridar.
De quando em quando elas davam uma ré e me olhavam de longe. Esquisito ser avaliada assim, mas era tudo que eu queria.
- Agora a sombra – ela olhou a minha – não, não pode ser essa sua. No seu caso tem que ser preta, pelo menos sobre o olho. E essa mais clara você coloca só aqui, em cima, perto da sobrancelha.
Fui ficando pronta, graças à aquelas duas fadas-madrinhas que surgiram do nada e me tranformaram. Confesso que, mal conseguindo me olhar naquele espelhinho por causa do escuro do lugar, tive um pouco medo de estar como bailarinas do Fantástico dos anos setenta. Mas não. Tava ótimo. Maior aula.
Pois é. E assim mimaquiei em 2007. Olha como ficou.
Pois eu comentava sobre minhas tentativas de maquiagem, quando uma delas me interrompe.
- Me conta como você está fazendo.
Elas não me conheciam nem conheciam o "frankamente..." até então, portanto eu pude repetir o tal passo a passo tranquila. Foi quando uma delas me interrompeu, com ares de super-fera no assunto.
- Não, não, Franka. Tsc.
- Não? Tou fazendo alguma coisa errada?
- Tudo. Pena que eu não tenho todas as minhas coisas aqui pra te ensinar.
- Eu tenho alguns produtos – disse, tímida, diante de uma pessoa tão peagadê como ela parecia ser – desde que comprei eu levo na bolsa.
Olhei o rosto dela para ver se ela estava maquiada. Estava. E era sensacional. Profissional.
- Deixe-me ver o que você tem – ela disse, resolvida.
Pegou meu estojinho e avaliou.
- Hum, mais ou menos. Essa sombra não sei... E cadê o lápis?
Acho que todo mundo sabe que esse assunto interessa a muitas mulheres, e ela começou a mexer na bolsa dela, assim como a outra amiga. E, sei lá de onde, surgiu uma sombra preta, um aparelho de entortar os fios do cílio, lápis e um pó. Ela me mandou sentar ao lado dela, despejamos todos os apetrechos na mesa e ela começou.
- Primeiro aqui. Pouco corretivo.
Ia passando com dedo, pequenos toques. Foi me ensinando aos poucos e me mostrando no espelhinho. A outra amiga ia ajudando, como uma instrumentadora. Eu ali, em plena cirurgia no bar. Mil dicas.
-Não coloque corretivo em cima do olho. Isso, só aqui. Agora o lápis. Faça assim. Vê? Agora passe o dedo. Para cima, entende?
- Entendi.
Que pena que não fiz um iutube daquilo.
- Você não tem um curvador de cílios como esse? – ela disse - ora, toda mulher tem que ter um. Compre amanhã mesmo numa farmácia, e use antes de colocar o rímel. O rímel coloque duas vezes. Uma para encher os cílios, a outra para encompridar.
De quando em quando elas davam uma ré e me olhavam de longe. Esquisito ser avaliada assim, mas era tudo que eu queria.
- Agora a sombra – ela olhou a minha – não, não pode ser essa sua. No seu caso tem que ser preta, pelo menos sobre o olho. E essa mais clara você coloca só aqui, em cima, perto da sobrancelha.
Fui ficando pronta, graças à aquelas duas fadas-madrinhas que surgiram do nada e me tranformaram. Confesso que, mal conseguindo me olhar naquele espelhinho por causa do escuro do lugar, tive um pouco medo de estar como bailarinas do Fantástico dos anos setenta. Mas não. Tava ótimo. Maior aula.
Pois é. E assim mimaquiei em 2007. Olha como ficou.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2008
ano novo do avesso
(assim que eu receber uma foto minha com o vestido do avesso eu posto aqui)
Confesso que tenho preguiça de programar a roupa pra o dia do ano novo. Aliás, tenho preguiça de todas as coisas que considero chatas, e comprar roupa, pra mim, é super chato. Só de me imaginar naqueles micro provadores, tirando e colocando os sapatos, tenho vontade de morrer. Mas ano novo é pra ir de branco senão dizem que dá azar, e quem sou eu pra desafiar o destino assim.
Nunca vi tanta gente de branco como esse ano. Sempre acho que reveillon parece congresso de médicos. No hotel que nos hospedamos, eu esperando o Zé no hall e vendo aquele desfile. Branco, branco, branco. Até que surge um senhor. Calça branca, camisa branca... cinto branco, sapatos branco e maleta? Epa, aquele achei que era médico mesmo. Olhei bem, tinha a maior cara. Penso que para eles deve ser facílima essa fantasia.
Já eu tenho que me virar do avesso para vestir branco. Tenho uma única saia, que repito ano após ano. Mas essa sainha, de tanto ficar guardada no armário, ficou com um monte de manchas amareladas. Tipo roupa velha, daquelas manchas que não saem com uma aguinha na pia. E era impossível lavar a aquela altura do campeonato, na hora que arrumava a mala.
Putis grila. Como resolver? Calça branca não tenho, ir só de camiseta não dava. Foi quando lembrei que tenho um vestido preto que tem um forro branco. Hum, idéia. Tirei o vestido do armário. Inverti. Ele virou um vestido branco com o forro preto. Sem costuras para fora, uau. O único problema era a etiquetinha. Olhei e avaliei. Minha mãe, graças a Deus, me deu noções básicas de costura. Pregar botão, fazer barra, remendar, fechar buraquinhos e... descosturar coisas. Peguei a caixinha de costura e tic, tic, tic. Tirei. Nossa, que dádiva esse vestido, pensei. Ainda por cima, eu poderia me gabar para as minhas amigas Bê e Drake que, além de andar ao contrário na pista e na pracinha, eu virei o ano com a roupa do avesso. Deve dar a maior sorte, pensei, ainda mais se você faz a coisa sem querer, um acaso desses é demais. Enfiei na mala, satisfeita.
Mas as coisas não foram tão bem assim. Na hora de colocar, dez da noite, já atrasada pra festa, percebi uma coisa que acho que só as mulheres vão entender. É vergonhoso, mas aconteceu. O vestido é dum tecido meio grudento, feito roupa de ginástica. Ele em preto não marcava nada, mas gente, em branco, mesmo com o forro preto, marcava. E muito. A minha calcinha nova, que era branca, ficou toda decalcada no vestido. Minha barriga idem. O bumbum nem se fala. Juro que não entendi como uma roupa discreta como meu velho e bom vestidinho preto conseguiu ficar tão escandaloso. Fiquei com muita vergonha, mas não tinha mais jeito. Tive que ir assim. Vexame. Implorei ao Zé que descesse colado em mim até o carro e que me escoltasse a cada vez que levantasse. Óbvio que ele não deu a mínima. Só desencanei depois de uma cervejas e um tanto de champanhinha.
E assim passei o ano novo: com uma roupa ao contrário e com a calcinha aparecendo.
caramurú
Noite de ano novo. Eu, o Zé e meu cunhado na varanda da casa dele olhando os fogos atrás das árvores da florestinha. Todo mundo tinha saído para ver os fogos de mais perto. Bum, bum, pitizzzz pá, bommmg, bum bum bum, pitizzz pá. A cachorrinha a latir desesperadamente, rodando de cá para lá.
- Quieta Nina - ele diz.
Ele se anima mais, latindo feito maluca a cada estouro.
- Que coisa chata, pára ô Nina.
Depois de mais ou menos dez minutos, ele olha para ela.
- Céus. Será que em países em guerra os cachorros ficam assim o tempo todo?
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