quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

rodando na camona


Separação é coisa super complicada, mas no fundo, no fundo, tem algumas coisas legais. Uma delas é que você, depois de anos e anos dividindo uma cama de casal, pode dormir naquela camona sozinha. Claro que tem os dias que você divide com o namorado, mas tem aquelas noites – incríveis noites – que você desfruta daquela maravilha gigantesca so-zi-nha. Ou nem tão sozinha, pois a cama fica tão grande que você acaba repartindo com um monte de objetos, como roupas, óculos, celular, livros, controles remotos, etc. Cabe tudo lá dentro, apesar de, às vezes, a TV mudar de canal quando você se vira, ou sua perna amassar o livro. Porque o legal de uma cama de casal grandona, somente para você, é que você pode dormir girando, como se você fosse um ponteiro de um grande relógio. Notei que aconteceu isso comigo aos poucos. No começo eu dormia como se existisse alguém ao meu lado, retinha e paralela ao criado mudo, sempre como se no relógio-cama fosse sempre meio dia e meia. Aos poucos o meu inconsciente passou a ocupar os espaços vazios conscientes, e até a se lembrar onde estavam os controles, óculos e celular. Hoje em dia estou cada vez mais desprendida nas minhas rotações noturnas, não amasso nem quebro nada, e sinto que chego perto de estar próxima da ocupação total. Durmo, depois de algumas horas já estou em nove e quinze, às vezes em dez pras cinco, outras em cinco pras oito, sempre girando, feliz da vida e sonhando muito. Chegar em seis e meia eu ainda não consegui, mas é questão de tempo. Isso, claro, quando não tem pernilongo. Nesse caso, não tem jeito. Tenho que desmontar o meu relógio de sono e colocar os meus ponteiros para caçar os malditos.

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