Foi naqueles cafés-pipoqueiros-lanchonetes da sala de espera do cinema. Estávamos eu, Zé e João morrendo de sede, pedimos uma coca cola e uma água.
- Coca pequena ou média? - a mocinha perguntou.
Ficamos na dúvida. O Zé arriscou.
- Hum. Média.
Putis, veio um balde enorme. O João e eu olhamos pra o Zé.
- Nossa, que exagero, Zé... - comentei - deve ter uns dois litros ai.
- E essa é a média, Lú - ele observou - imagina a grande.
- Mas não tinha grande, mãe - lembrou o João - Eu ouvi o que a moça disse. Só "pequena" e "média". Vocês não acham estranho isso?
- Isso o que, Juca?
- Isso que eles fazem atualmente em um monte de lugares. Eles vendem cocas "pequenas" e "médias", e não vendem a "grande". Porque então não vendem como "pequena e grande"? Se só tem duas...
- É mesmo, filho.
- A mesma coisa na pizzaria lá perto de casa. Tem pizza média e grande, já reparou? Mas não tem a pequena. Então deviam colocar no cardápio: pizza pequena, pizza grande, claro, e tirar a média.
- Porque será que as coisas do nosso mundo ficaram assim? - o Zé perguntou.
- Pra enganar, pai - disse o João - eles tão enganando a gente,tá na cara. No caso da pizza talvez seja para eles cobrarem mais por pizza pequena. Como se a deles não fosse tão pequena e valesse mais.
- E esse lance de coca média, João? - indaguei.
- Ué, deve ser pra não dar vergonha na hora de você pegar. Você pede a média, afinal não é grande, vem esse balde imenso, e dai você pensa: "nossa, imagina a grande". A grande não existe, é imaginária, o nome "média" é só pra disfarçar e deixar a gente a vontade aqui na sala de espera do cinema. Tudo truque pra vender, mãe. Os caras de marketing devem chamar isso de "a enganação da cocacolona".
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