A gente tava no restaurante almoçando, eu, o Zé, os filhos. De repente, apitou o celular do Zé.
- Ué - ele disse - tem alguém querendo fazer bluetooth comigo.
- Aqui no Senzala? Quem é? - perguntou um dos meninos.
- Nossa que estranho... - e ele olhou o telefone, confuso - é um tal de "Mandioca".
- Mandioca, Zé? - eu estranhei.
- Mandioca, pai? - o Chico perguntou, rindo.
- Mandioca... - o Zé leu de novo, pasmo.
- Pai, porque um tal de Mandioca quer fazer bluetooth com você? Que coisa mais esquisita... - falou o João - iii...
- Você conhece algum Mandioca, pai? - a Nana indagou.
- Será que aqui no Senzala as comidas fazem bluetooth com os clientes? Daqui a pouco chega um bluetooth da Feijoada, outro do Espeto Misto, outro da Meia Picanha, hahaha! - comentou o Chico.
Bem naquela hora, diante da cara confusa do Zé e das gracinhas dos dois mais velhos, eu olhei para o João, que estava bem na minha frente e mexia em algo no seu colo. Ele percebeu que eu percebi algo, e fez rapidamente um sinal de "shiuuu, mãe".
- Aceita o Mandioca, pai - o João disse rapidamente.
- Eu aceitar o Mandioca? Eu? Nem a pau! - falou o Zé, ainda escasquetado.
Não aguentei e tive um acesso de riso. E para não encompridar a piadinha, o João confessou.
- Sou eu, pai. Era uma brincadeira com você.
- João! Pô! - o Zé ficou bravo.
- João, filho - eu quis entender - de onde você inventou essa gracinha?
- Eu sempre faço isso, mãe. A gente precisa inventar um nome pra ser visto nos bluetooths, não é? Eu então sou o Mandioca. Que é que tem de mais?
Uma semana depois, na pizzaria do clube, o meu telefone apitou.
- Tá tocando seu telefone, mãe - alguém disse.
Era um aviso de bluetooth. De quem? Do "Imperador do Amor".
- João!
- Tá, tá, sou eu...
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