quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

o cartão do césare



Estávamos conversando num fim de tarde, eu, o Césare e minha irmã Angela. O Césare é um amigo nosso que é ator e faz animações para festas de crianças. Os shows dele são super bacanas, a gente morre de rir. Recomendo.
- Vou fazer uns cartões novos para distribuir - ele anunciou - uns cartões bem legais, tou estudando como fazer e...
- Hum, Césare, eu tava pensando... - falou minha irmã, que se virou pra mim - Lú, lembra do cartão do saxofonista?
- Aquele cartão com foto? - perguntei.
- É - ela respondeu e explicou para o Césare - é que a gente recebeu um cartão de um cara saxofonista, e o cartão do cara é uma foto dele tocando saxofone. O cara é bacanão, ficou legal o cartão dele. Vou buscar pra te mostrar, perai.
- Cartão com foto? Não é uma coisa exibida? - perguntou o Césare.
- Não acho - eu intervim - ora, se você vai contratar um cara pra tocar na sua casa, por exemplo, é bom saber quem vem. Não acha legal saber qual é a cara da pessoa que vem?
- Claro - concordou a Ângela, mostrando o cartãozinho do saxofonista pra o Césare - mas é claro! Imagina se você contrata um saxofonista com cartão sem foto e aparece um sujeito horrível na sua casa. Ter uma boa aparência ajuda muito quando se trata de shows, Césare. É ótimo essa coisa de fazer um cartão com cara. Importantíssimo isso.
- Mas só "cara" não adianta, Ângela. Olha o cartão do saxofonista, ele está de corpo todo na foto.
- É verdade, lúcia... - e ela passou a tapar o corpo do cara com os dedos - Olhando um cartão só com a cara da pessoa você não sabe se está contratando um gordão... um magrelo... um anão...
O Césare deu um pulo.
- Anão?
- É, Césare - e ela concluiu, definitiva - cartão de corpo todo é melhor.
Uma semana se passou, encontramos o Césare de novo. Ele abriu a carteira, deu pra gente seu novo cartão e lembrou.
- E reparem: ahá! De corpo todo!

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