O Zé resolveu comprar um livro de adestramento de cães. Escolheu um que dizia na capa "adestramento inteligente", alegando que esse livro se destacava dos demais, que não ensinavam adestramentos "inteligentes". Leu uns pedaços, animado, contou pra todo mundo em casa.
- Então, pai, como a gente faz para ela parar de comer tudo que tem aqui? - algum dos meninos perguntou.
- Não sei bem, mas o cara do livro fala que tem que distrair com outra coisa de roer. Ele fala que uma coisa ótima pra cachorro roer é côco. Sabe côco, de água de côco? Diz que tem fibras e que é bom pra eles ficarem horas e horas se distraindo - e ele me propôs - ei, Lú, vamos na pracinha pegar um côco?
- Hã? Num coqueiro? - eu me espantei - tá certo que a gente gosta de cães, mas não precisa exagerar e escalar coqueiro, Zé.
- Não, dãr, Lú. Vamos pegar um côco usado do vendedor de água de côco da kombi, Lú.
Bom, topei, e lá fomos nós dois pra pracinha no fim da tarde, porém cara da kombi já tinha se mandado.
- Ixi. Pior é que todo mundo aqui é super civilizado, o cara da kombi não deixou nenhum côco jogado pelo chão, que pena... - reparou o Zé.
- Mas deve ter côco usado na lixeira da pracinha, Zé. Vamos procurar.
Olhamos dentro da lata de lixo, levamos um susto. Acho que nunca olhei dentro de uma lata de lixo de pracinha de bairro de gente civilizada cheia de pets. A lata era entupida de milhares de saquinhos super bem amarrados cheios de... cocô de cachorro. Éca. Uma coisa impressionante. Aquele monte de cocozinhos guardados para a eternidade em saquinhos, afe, isso é certo?
- Só tem cocô, não tem côco, Zé.
- Olha ali. Tem um lááá em baixo, vamos tentar pegar, depois a gente lava bem.
- Não é nojento?
- Deixa de ser boba.
O Zé não desiste de uma idéia. Alavancamos o côco, que voou longe, e viemos carregando num papel, para lavar bem quando chegar em casa. No meio do caminho, o Zé me mostra uma plaquinha que tem na pracinha: "recolha o cocô do seu cachorro". Ele me olha e comenta, todo feliz e rindo:
- Aió. Recolhemos o côco do nosso cachorro.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
o côco e o cocô
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