segunda-feira, 2 de junho de 2008

dentro da viola - (ou as aventuras das irmãs carvalho no festival da mantiqueira - 2)



O Jorge. O Jorge é amigo da Ângela, professor como ela e um grande leitor de literatura contemporânea (sabe daquelas pessoas que lêem toda a obra de um fulano? O Jorge já leu tuuudo do Dalton Trevisan, do Zuenir Ventura, do Hatoum e de sei lá mais quem), e claro, ele meu amigo também. Ele participou do concurso para fazer parte de uma das oficinas de literatura do Festival, especial para professores. E o Jorge ganhou e conseguiu uma vaga. Ele tinha direito a estadia, alimentação e viagem. Antes do festival, na semana passada, eu e a Ângela ficamos torcendo por ele, acho que muito mais que ele. Porque o Jorge ganhar era um putis assunto. A gente podia, além de ir nas duas palestras escolhidas pela gente no gargarejo O Hatoum e o do Prata com Bruna e Lauro), bisbilhotar o Jorge. Ficamos lendo a lista dos escolhidos e pensando se ele ia ficar amigo de algum daqueles professores. Lemos nome por nome, avaliando.
- Olha. Tem um professor na turma do Jorge que se chama Margarido. Será que ele vai ficar amigo do professor Margarido?
- Tem até uma professora Josefina, olha.
O Jorge foi antes da gente, e nesse primeiro dia, depois de ver a música da Kátia, fomos atrás dele. A Angela viu um professor com um crachá escrito "concurso", e ele disse que o ônibus deles já ia sair. Corremos até lá atrás do Jorge. Achamos um rapaz da organização na frente do ônibus do Jorge.
- Moço. Estamos atrás de um professor amigo nosso.
- Quem é?
- O Jorge.
- O Jorge? - ele riu - ah, o jorge. Figurinha, hein?
Figurinha? Hã? O nosso Jorge virou figurinha? Que tipo de comentário era aquele?
- Você é guia?
- Guia e babá deles - ele disse - e o Jorge já foi no ônibus anterior.
Babá? Figurinha era aquele moço, chamado Elvis.
No dia seguinte achamos o Jorge. Estava exausto. Muita coisa pra fazer, balada a noite, e ele conta que tinha que acordar cinco e meia pra oficina. Nossa, quase não reconhecemos. Ele tinha ganho um gorro do festival, um cachecol do festival, uma bolsa do vestival, um caderno do festival, cracházão do festival, capa de chuva do festival e até um kit de higiene do festival. Vestia tudo que dava pra vestir dos presentes. Ele era o festival. A Ângela olha pra ele e não aguenta.
- Putis, Jorge que é isso? Figurinha, hein?

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