terça-feira, 3 de junho de 2008

dentro da viola - (ou as aventuras das irmãs carvalho no festival da mantiqueira - 3)


Ângela e Hatoum (depois da palestra, ela me fez entrar numa fila pra pegar até autógrafo dele)

A minha irmã Ângela queria-que-queria ver a palestra do Milton Hatoum. Falava de cinco em cinco minutos que não podia perder, que não podia perder de jeito-nenhum-o-Hatoum. E como tinha a chuva-chuva-chuva, a estrada com lama-lama-lama e o tal treco da senha-senha-senha, tínhamos que ficar atentas ao horário lá no sítio. Foi quando achei um violão do Caio, meu cunhado. Eu só sei tocar uma música no violão, que é "tchibum-tchibum, chalalalalalalala". Essa música custou caríssimo para a minha mãe, se ela fizer as contas do custo das aulas. E para acalmar o ambiente e sossegar a minha irmã, passei a tocar e cantar. Só que adaptei: ao invés de "tchibum-tchibum", eu passei a cantar "ratum-ratum, chalalalalalalala, ratum-ratum, chalalalalalalala". Ficou ge-ni-al. Uma hora eu posto aqui a letra inteira dessa música, que eu fiz em homenagem ao Hatoum. Se alguém preferir, posso também tocar e cantar. É só me arrumar um violão. Mas aviso que tem uma parte super pornográfica, que a gente copiou de um livro dele.
Saímos um tempão antes, mas ela ainda teimava que podia perder o Hatoum. Entramos na estradinha. Tudo ia bem, até que surge subitamente, saindo de uma pousada no meio do caminho, um carro que entra na nossa frente. Céus. Um carro não, uma lesma-de-rodas. Acho que o cara estava a 3 por hora. Devagarziiinho.
- Essa pessoa deve estar indo pro Hatoum - ela disse.
- Ratum-ratum... - eu cantei.
- Pode até ser o Hatoum.
- Uau. Verdade. O carro é de São Paulo.
- Será que o Hatoum anda devagar desse jeito, Lúcia?
- Ele escreve devagar, Ângela.
- E olha, o carro é um Focus. Nossa, o Hatoum tem Focus?
- Será ele mesmo?
- Claro que é ele, Lúcia.
A Ângela é, como eu, super otimista.
- Mas que coisa, Hatoum, aaanda! - ela esbravejava, já irritada - aaanda, homem!
- Claro, o cara não precisa de senha.
- Meu Deus, que cara sem foco esse Hatoum do Focus. Lú, será que é ele mesmo?
- Já sei - eu disse - minha amiga mora no prédio dele. Vou mandar um torpedo pra ela e perguntar: "qual o carro do Hatoum?". Que acha?
Sério, mandei o torpedo. E sério, minha amiga respondeu. Não sei se pega bem falar aqui o carro do Hatoum, mas era da mesma cor e parecido.
- Sua amiga pode ter se enganado, Lú. Mulher nunca entende de marca de carro. É ele sim, estou sentindo uma semelhança no modo dele escrever e dirigir. Aaanda Hatoummm!
Bom, chegamos e, embora tivéssemos tentado seguir o Hatoum, o perdemos de vista. E depois da palestra, quando abriram para as perguntas, eu sugeri a Ângela.
- Ân, vamos ir no microfone e perguntar pro Hatoum "qual é seu carro?".
- Lúcia!
- E cantar para ele, posso?
Ratum-ratum, chalalalalalalala, ratum-ratum, chalalalalalalala...

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