sábado, 15 de março de 2008

sapo sem cabeça


- Francisco, vamos colocar esse abajur ali naquele canto - sugeriu a Bê quando fomos na casa do meu primo para ajudar na arrumação dos móveis.
- Esse abajur era da minha mãe - ele explicou - e ficava no meu criado-mudo na casa antiga. Mas olha, que pena, está quebrado.
- Quebrado aonde? - perguntou a Bê, ligando na tomada - Que nada, olha, funciona direitinho.
- Está quebrado aqui - ele apontou - aqui, na estátua da haste. Era uma estátua de uma mulher, mas ela perdeu a cabeça.
- Quebrou na mudança? Que pena - eu disse.
- Não - ele explicou - sempre foi assim. Ganhei assim da minha mãe.
- Francisco! - A Bê se assustou - sério que você dormia ao lado de uma... mulher sem cabeça?
Meu primo Francisco olhou para ela sem entender.
- É apenas um abajur, Bê... eu...
- Nossa, Francisco, acho que a Bê tem razão - eu intervim - uma mulher sem cabeça, ao seu lado, todas as noites... é meio esquisito sim.
Ele deu de ombros e não procurou entender tudo. Ele acha tudo fácil, o Francisco.
- Então vamos colocar uma cabeça, ué.
Foi até uma das caixas da mudança, pegou outra caixinha lá dentro, mexeu, mexeu, desembalou um monte de coisas. Pegou um objeto na mão, puxou com força e deu para a Bê.
- O que é isso?
- Ora, uma cabeça. Você não queria uma cabeça, Bê? Essa ai é do Caco, o Sapo, mas tudo bem, né? Vamos colar no pescoço dela. Assim vocês ficam tranquilas?
A Bê colou. Ficou ótimo.

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