quarta-feira, 12 de março de 2008

Inácio, a gente não teve culpa


O maior trânsito no final da tarde. Eu e a Bê no carro dela, indo pra Paulista. A gente mora aqui embaixo, a Paulista é lá em cima. Ela, que dirige super bem, inventou um caminho que, segundo ela, circundava os morros. "Vamos rodando a montanha", ela explicou.
Chegamos em Pinheiros, na Rua João Moura, farol fechado para cruzar a Teodoro, quando a gente ouve uma sirene desesperada atrás da gente. Era a polícia em pânico querendo passar. A Bê rapidamente sai da frente, avançando em cima da faixa de pedestres. A polícia em pânico passa, mas o farol demora horas e a gente se vê ali, no meio da faixa de pedestres, atrapalhando tudo.
- Ai que vergonha - ela diz - esse monte de pedestres estão xingando muito a gente.
- A gente não tem culpa, Bê. A polícia...
- Só falta passar um amarelinho e me multar. Ai. Abre sinal. Abre, vai.
E dá-lhe pedreste olhando feio pra gente.
- Ai que vergonha, eles não sabem que foi por causa da polícia e... e... Franka, olha quem tá atravessando a rua...
- É o... o...
O cara olhou meio feio pra gente (estávamos no meio da faixa), a gente olhou rindo boba para o cara. Era o Inácio de Loyola Brandão, e escritor, cronista do Estadão.
- O Inácio de Loyola Brandão... ai... - ela suspirou.
- E ele fala sempre da cidade, das coisas que vê na cidade... - eu lembrei.
- E vai falar que a gente é pessima cidadã, que sobe em faixa, que não respeita pedestre...
Nada do farol abrir.
- Ai que vergonha.
- Ai que vergonha. E droga. Precisava justo ele passar aqui, agora?
- Fica fria. Vou tirar uma foto e colocar no blog -resolvi - explicação pública. Se ele escrever alguma coisa falando mal da gente no jornal a gente mostra o blog.

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