quarta-feira, 28 de novembro de 2007

lobotomia telefônica



Estava falando com um pintor no telefone. Lá fora começou a maior chuva.
- Péra que eu vou fechar a janela - eu disse.
Voltei e continuei a falar.
- Então, como eu dizia, o seu orçamento inicial era de.
Cabrummm.
Gente, que horror. Assim, sem mais nem menos, estourou um raio em cima da minha cabeça, veio um pá na minha orelha e eu berrei, louca, histérica.
- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
Joguei o telefone longe, histérica, e corri pra cozinha tremendo toda. Dei de cara com a Maria. Ela me olhou assustada.
- Lucia, o que foi?
- Água, água... levei um choque ai... socorro...
Ela me deu água com açúcar, eu toda arrepiada. Absurdo. Passou um tempo, parei de tremer, melhorei. Voltei a trabalhar. Esqueci completamente do telefone. Sei lá como o telefone foi parar no gancho de novo, não me lembro.
No dia seguinte o pintor, de quem também me esqueci completamente, me liga.
- Alô? Lúcia?
- Oi... Vicente...?
- Lúcia, o que houve ontem? Fiquei preocupado, você berrou feito louca, depois caiu a linha...
Nossa, esqueci do cara, da conversa, do assunto...
Sério, esse negócio de choque é perigoso demais, gente. Dá umas putis amnésias. Vi outro dia um episódio do House onde eles apagaram a memória de um cara para ele poder viver. Aconteceu isso comigo, meu Deus. O choque apagou um pedaço da minha cachola. Fez a maior maravalha dentro do meu cérebro.
Eu, hein. Será que apagou mais alguma coisa? Não lembro.

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