segunda-feira, 15 de outubro de 2007

o "21"



(fotos? esqueci completamente desse detalhe. tirei somente essa com o celular antes de começar, o zé fez um filminho com a máquina, quando eu editar eu coloco)



Foi demais. Ver um texto que você escreveu construído e representado num palco é das coisas mais emocionantes da vida duma pessoa que escreve. Não se se isso é ser 'dramaturgo', acho que essa denominação vai um pouco além de apenas escrever histórias e diálogos – quem sou eu para me denominar “dramaturga” ainda... – eu diria que, nesse caso, apenas fui 'autora'. Mas que é tocante é, e diversas vezes isso me vi arrepiada e realmente assustada. As falas ganham vida, os personagens, rostos. E, de uma hora para outra, aquilo não é mais só seu: é de todos eles. Talvez a palavra correta para a coisa não seja “ver um texto seu construído” como escrevi acima. Talvez o correto seja “ver um texto seu descontruído”. Quando se escreve, tudo é seu – cada vírgula, cada pausa, cada respiração. Fazer teatro é outra coisa. É entregar a sua criação, com a cara e a coragem, para um diretor e para atores que vão reescrever aquilo. As peças do quebra cabeça são as mesmas, mas a montagem depende de outras pessoas. No meu caso, fantástico, do Didio, do Zé e do Celso, três caras felicíssicimos, super alto astral, alegres, ótimos.

Não foi a primeira vez que isso aconteceu – uma vez eu publiquei uma crônica na coluna do Prata do Estadão, e um grupo de teatro encenou a minha crônica achando que era do Mário, e não minha. Acho que a gente escreve parecido, eu e ele. Contei a história aqui, foi hilário, e no fim eu não tive nem coragem de chegar para o grupo e revelar o engano. Mas dessa vez foi a primeira vez que deu certo com um texto meu-meu, com um diretor, com atores, com horário e público. Tá certo que o público da madrugada não é assim, digamos, tããão farto como o público da noite, mas as Satyrianas foram um sucesso tão grande, mas tão grande, que mesmo naquele horário absurdo, mesmo com chuva, horário de verão confundindo tudo e, acreditem, uma feira do ladinho da tenda do Dramamix (hahaha!) sendo montada bem na hora da peça, o espetáculo aconteceu certinho, com tudo que tem direito – som, luzes, um bom público, ótimos atores, tudo per-fei-to. Ai que legal. A coisa da feira foi engraçadérrima. No sábado a noite, encontrei o Ivam e ele falou, rindo: Lucinha, aimeusanto, amanhã tem feira nessa rua ai ao lado, eu tinha esquecido! Bom, seja lá o que Deus quiser, eu disse a ele, rindo. Pensei até em ir até lá convidar as pessoas, qual o problema? Numa primeira vez, tudo vale, batismo é assim. Na fila para entrar na tenda, eu olho para trás e vejo duas meninas conversando animadamente mas tapando o nariz com cara de nojo. “A gente é vegetariana, esse cheiro tá tão forte!” Olho para o lado e vejo, e a menos de um metro da entrada, um monte de frangos, carnes, peixes sendo descarregados. Batismo é assim, pensei, firme. “Abra a lona da tenda para os feirantes assistirem”, sugeriu um dos caras que iam assistir. Franka com as frangas, tem tudo a ver, pensei, dando de ombros. Minha sina é essa, sempre me meter em situações esquisitas, já estou acostumada. Foto abaixo.

Mas quero voltar a questão importante, que é a idéia de fazer uma peça. Há anos e anos que eu escrevo. Há anos e anos que escrevo diálogos. Esses diálogos sempre foram somente pura literatura pra mim, textos a serem lidos. Ver seus diálogos ganhando vida num palco é completamente emocionante. Talvez das coisas mais emocionantes da vida. É como se eles voltassem a origem. Não sei se me explico bem. Os textos surge do que se vive, viram literatura, e no teatro, voltam a ganhar vida. Uma forma de ressuscitar a idéia, levantá-la, revivê-la novamente. E principalmente, exibí-la. Só uma coisa a dizer: putis coisa emocionante. Obrigada Ivam. Obrigada mêêêsmo.



(hahaha, e aqui, em primeira mão, um 'close' das 'frangas da franka' bem na entrada do Dramamix, hahaha, por que tudo comigo é assim?)

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