sexta-feira, 20 de julho de 2007

o telefoninho


Passou a raiva. Da moça da Vivo. Posso escrever agora sobre isso.
Troquei de telefone. O meu tava velho, 'espedaçado', como fala minha mãe, bateria de meia hora no máximo, máquina fotográfica quebrada, ou seja, um celular com praticamente com 100 anos na vida útil de um telefone. Hora de encarar uma despesa e trocar, óbvio. Mas qual modelo? Minha vontade era ter um telefone com monte de teclinhas, uma para cada letra, pra não ter que ficar naquele tic-tic-tic pra mandar torpedo.
Putz, adoro torpedo.
Achei esse ai em cima, que tem, além das teclinhas, email e internet. Demais, pensei, imagina o 'frankamente...' acessado a qualquer momento da minha vida, num restaurante, no carro, num posto de gasolina de uma viagem? Foi ai que começou a minha empolgação pelo aparelhinho. Quem não é consumista vez ou outra? Ah, eu sou. Pago em vezes e pronto, pensei. Comprei, tranquilo, habilitei, tranquilo, liguei para a Vivo, habilitamos a internet deles, tranquilo.
- Agora podemos colocar o email? - perguntei para a moça no telefone.
- Sim. Vou explicar os procedimentos - ela disse do outro lado da linha - a senhora espera um pouco. É complicado.
- Você me ensina - respondi, no maior bom humor.
Ela foi falando. "A senhora vai ver uma tela assim, a senhora digita, blablabla, a senhora entra nesse site, a senhora, a senhora". Tava super fácil, até que complicou um pouco e eu me perdi. A tal da atendente suspira e desabafa:
- Se perdeu? É complicado pra quem é da época da TV preto e branco.
Eu assustei. Comentário estranho para uma atendente de callcenter. Será possível que a atendente estava me chamando de... velha?
- TV preto e branco?
- É. Para quem não tem prática de telefone celular na infância, esses celulares de hoje são muito difíceis de usar.
Eu hesitei, mas resolvi ver até onde ia aquilo.
- Você... você é dessa época? - perguntei, desconfiada.
- Quase - ela disse - Eu era pequena nessa época, tenho filhos adolescentes hoje. A senhora também é?
- Claro que não - menti, cortando o assunto.
Será que eu tenho voz de velha? Porque a mulher simplesmente ignorou minha resposta.
- Pois é. Porque para quem é dessa época é bem dificil conseguir fazer isso sozinha - ela retrucou, me atrapalhando com aquela conversa e me fazendo ficar toda confusa com as teclinhas.
- Moça, espera que não estou conseguindo. Um minuto. Me atrapalhei, vou fazer de novo.
Ela começou a provocar mais ainda.
- A minha filha, que é criança, faz essa programação em dois segundos. Já a gente, com mais idade, se embaralha toda.
- Moça - eu disse, ainda paciente - eu não estou embaralhada.
- Claro que a senhora está. Acho que não vai conseguir.
- Vou começar do zero - falei, desligando o aparelho e ligando de novo. Não era possível que aquela mulher, que devia me ajudar, estivesse me des-incentivando daquele modo. Não era possível.
Depois de um tempinho voltei para o mesmo lugar na tela do telefone.
- Olha moça, não está mesmo aparecendo aqui a tela que você falou. Aquela para eu colocar o meu nome e email.
- A senhora colocou a senha e deu enter?
- Sim.
- Tem que aparecer. Se não apareceu é porque a senhora fez errado.
- Eu não fiz errado. Fiz exatamente o seu passo-a-passo. Vai ver que você esqueceu de algum item, moça. Porque não apare...
- Olha, senhora, não podemos mais continuar. A senhora não sabe manusear o seu telefone. Vá até uma loja e peça ajuda.
- Moça, eu sei manusear um telefone - argumentei - não vou em loja nenhuma porque o vendedor sabe menos que eu. Além disso, é você que tem que me orientar, e não ele.
Ela foi cruel.
- Já disse que para as pessoas mais velhas é difícil, a senhora está fazendo alguma coisa completamente errada. Não posso fazer nada, o procedimento é um só e se não funciona para a senhora, é porque a senhora não sabe usar o aparelho.
- Você não vai me ajudar? - eu me espantei - é isso que está falando?
- Justamente - ela inacreditavelmente me respondeu - Infelizmente não posso fazer nada pela senhora.
- Está falando que eu sou velha e não sei usar um celular?
- Quantos anos a senhora tem?
Gente, é possível? A atendente queria saber a minha idade? Isso é permitido nas leis de callcenteres?
Fiquei irritadíssima.
- Não interessa a minha idade, moça. E quer saber? Não estou acreditando nessa conversa! - eu exclamei, fula da vida - Então, então paciência, muito obrigada.
- De nada, senhora. A Vivo agradece a sua ligação.
- E eu agradeço a sua boa vontade - respondi, p. da vida.
Céus. Que coisa irritante na hora e engraçada depois. Desliguei, atônita, pensando que nem anotei o nome da chata da véia da vivo (ela que é velha, claro, afinal ela que é da época da TV preto e branco). Suspirei. Esperei um dia todo. Liguei ontem de novo para o mesmo número. Falei com um rapaz muito simpático, pena que esqueci o nome dele também. Colocamos o email sem problemas. Tudo funcionando. Quase que perguntei para ele qual a idade que ele achava que eu tinha, mas depois desisti. E se ele fala que tenho mesmo voz-de-véia?
Que absurdo, mas quem não tem uma história de briga em callcenter? Todos tem que passar por isso ao menos uma vez na vida.
Pronto, acabou. E vejam o que eu acesso agora do meu telefoninho.
O meu blog, hehehe.
Frankamente...

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