sábado, 21 de julho de 2007

franka e o fagundes


Ainda sobre o acidente aéreo. Ontem fui num jantar na casa de uns amigos. Um deles viaja muito, e me conta que há algum tempo deixou de viajar por Congonhas. Disse que passou a ter medo, não sabe porque, e que tem marcado todos seus vôos para Cumbica.
Foi quando notamos que eu e ele temos, nos vôos, um pensamento parecido. Tanto eu como ele pensamos em coisas ruins, mas olhamos para os lados e pensamos que é meio impossível que a coisa ruim que a gente pensa sirvam também para os outros. "Olha", eu disse, "o que me impressiona é que as pessoas que morreram, se eu olhasse e estivessem no mesmo avião que eu, eu pensaria que é impossível que acontecesse algo com elas", eu disse. "Nossa...", ele comentou, "eu também! Eu vejo uma mãe com criancinhas e penso que se estou com eles estou seguro, vejo famílias e penso que estou seguro, vejo políticos e penso: esse cara, importante desse modo, jamais esse cara vai morrer". Eu continuei: "um dia viajei com o Fagundes, e me senti super segura, imagina se ia acontecer alguma coisa com o Fagundes. Mas depois desse acidente eu não posso mais pensar nisso, pois morreram pessoas com jeito de muito inocentes".
Pois é. Ninguém está seguro. Nem eu, nem ele, nem os políticos, nem as famílias, nem o Fagundes.

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