domingo, 22 de julho de 2007

crepúsculo e cerveja

Descobri uma coisa impressionante ontem. Gente. Eu sofro de crepúsculo. Nunca tinha pensado nisso, mas ontem a tarde entendi tudo. Era fim da tarde e eu tinha combinado de ir ao cinema com minha amiga Sílvia. Íamos assistir "Paris". Ela passou aqui para me pegar, tomamos um café, começamos a conversar. Como estava um fim de tarde legal, fomos para o quintal com as xicrinhas, sentamos numas cadeiras velhas e ficamos olhando o céu e falando bobagens. O céu ia mudando de cor e nós duas comentando sem parar. Acabamos nos distraindo muito e perdemos o cinema. "Dá na mesma, esse esse céu está um filme maravilhoso", argumentei, para que não nos chateássemos. Foi quando a coisa começou a acontecer e eu percebi. O céu foi mudando, mudando, ficando meio roxo, laranja, rosa, salmão, carmim, fúcsia (acho que é a primeira vez que escrevo essa palavra), e eu passei a ficar meio triste. Tentei fazer uma gracinha, tentei rir de uma conversa e nada. "Sílvia, que esquisito, esse céu parece que está despencando e isso está me deixando triste pra burro", comentei. Ela me olhou, surpresa, e disse que sentia a mesma coisa. Aí a nossa animada conversa começou a ficar melancólica pra burro. Ficamos bobas, românticas, reclamonas, piegas de tudo, eu e ela. "Ixi. Entramos na parte triste do nosso filme", comentei. A Silvia disse que era normal. Falou que isso é super comprovada essa coisa das pessoas ficarem tristes no crepúsculo. "Dizem que algumas pessoas tem depressão profunda nessa hora. Dizem que nos hospitais os doentes pioram nesse horário", ela comentou. Acho que deve ter a ver com a coisa de acabar o dia e entrar na escuridão. Um tipo diário de morte, que nosso inconsciente capta e nos faz sentir mal. Como se tivéssemos medo da noite. Sei lá. Nunca tinha percebido antes, mas entendi porquê eu fico esquisita nos fins de tarde. "Silvia, eu sofro disso. Eu sofro de crepúsculo". Começamos a rir. "E como se cura crepúsculo?", ela perguntou. "Sei lá", eu respondi, "podemos tentar uma cerveja". Olha, e deu super certo. Depois da primeira lata, estávamos de novo cem por cento. Ótimas. Gente, eu sofro de crepúsculo. E crepúsculo a gente cura com cerveja. Isso é um grande tema para um filme. Não acham?

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