terça-feira, 13 de junho de 2006

prioridades





Muito homem vai falar que não é assim, mas falo por mim, pois no meu caso é. Eu tenho, aqui nessa casa, que pensar em mais assuntos que o Zé. Não sei, exatamente, se são mais assuntos, mas são asssuntos mais disparatados que os dele. Enquanto os dele são trabalho, reuniões, algumas contas a pagar e consertos de carro; os meus são trabalho, comida, filho, funções leva e traz, empregados e contas domésticas.
Parece que é parecido, mas não é nem um pouco. Ele não precisa parar de trabalhar as quatro e quinze e pensar se fará filé de frango ou bolo de carne moída no jantar. Ele não é interrompido porque acabou o sabão em pó e nem precisa atender um celular numa reunião para apartar uma briga horrososa entre dois moleques se estapeando.
Não é reclamação não.
É apenas uma observação que faço a anos que diferencia um pouco o trabalho da mulher do trabalho do homem. Somos obrigadas as mudar de assunto muitas vezes ao longo do dia. É como viajar de São Paulo para a África e depois para Índia depois para a Inglaterra, enquanto seu marido faz um civilizado tour pelas Ilhas Gregas.
Mulher tem mais jet-leg, obviamente. A cabeça, vez ou outra, falha. A gente acaba pifando.
Assim eu, por um instinto de sobrevivência, adotei um sistema inconsciente de prioridades. Quando os meus filhos eram bebês, esse sistema era: 1) filhos alimentados; 3) trabalho bem executado; 3) casa provida; 4) filhos limpos; 5) eu feliz. A casa arrumada nunca esteve nesse esquema, nem nessa época e nem hoje. Fazer o quê.
Já o ‘trabalho executado’, por uma questão financeira particular minha, tem que ficar sempre no segundo posto, embora eu, confesso, muitas vezes finja para mim mesma que "trabalho muito" quando na verdade é apenas uma certa simulação.
Depois de um tempo, mudei o esquema. Os ‘filhos alimentados’ nunca saíram da posição de topo, obviamente porque "mãe é mãe", mas o ‘eu feliz’ subiu de posto. Primeiro foi para o lugar dos ‘filhos limpos’ – foi natural, uma vez que eles cresceram e cuidam dessa parte eles mesmos - e atualmente já substitui a ‘casa provida’, o que tem deixado os filhos, a Maria e o Zé um pouco decepcionados com a minha atuação nesse campo de ação. Já tentei explicar para eles que a ascensão do ‘eu feliz’ é essencial na felicidade da casa, que isso é outro tipo de alimento do lar, que evita muitas crises de TPM e a 'casa provida' pode ser resolvida de outras maneiras, mas mudanças sempre são mau vistas.
Agora, há dois anos, resolvi incluir o blog e os escritos diários nessa lista. Digamos que é um tipo de item 3) b) do ‘eu feliz’. E como blog vicia, e como escrever é bom e melhora o ‘eu feliz’, tenho me embaralhado toda nas outras funções.
Tudo para justificar que nessa esquisita escala de prioridades que estabelecemos na vida, algumas coisas são completamente esquecidas. Eu às vezes me culpo por isso, mas tendo que priorizar filhos, trabalho, blog, felicidade, compra de coisas para a casa e filhos e funções de leva e traz, é impossível lembrar de coisas com prioridades 75) ou 180) como de reuniões de escola, de festas de filhos, de aniversários de amigos, de pagamentos de viagens de escola e principalmente da devolução de filmes na blockbuster.
E quando os itens se embolam, nada mais a fazer a não ser correr atrás de um ou de outro, como hoje.
Fazer o quê...
Estou pensando seriamente em trabalhar no horário do jogo. Afinal, futebol não está entre os meus dez mais.

Nenhum comentário: