- Pensei em fazer uma feijoada sábado pra uns amigos e pros nossos filhos. Você sabe fazer feijoada, Lúcia? – ele me perguntou.
- Legal, eu te ajudo. Mas nunca fiz.
- Nem eu. Vamos pesquisar umas receitas?
Adorei a aventura. Animada, até comentei com ele que hoje em dia basta dar um clique no computador que a comida já está quase pronta. O problema que tivemos foi o excesso. Não de feijoada, mas de receitas. Se antes a gente tinha aquele caderninho de receitas, copiado da mãe, da avó e da bisavó, hoje, com o maldito clique vem uma montanha delas. Além disso, tem sempre aquela receita do livro da Dona Benta e a do livro da cozinheira-chique-cheia-de-dicas.
- Meu Deus... – comentei - Qual será a melhor? – comentei, olhando aquele monte de papel impresso.
- Sei lá. E se a gente assistisse uns Youtubes?
Dai que piorou. Muito. Caraca, apareceram tantas que praticamente chovia feijão em cima da gente.
Fora os vídeos dos desconhecidos, tinha a da Rita Lobo, tinha a do Olivier Anquier, que não era dele, e sim da dona Inácia, uma grande feijoadeira do Rio, tinha a feijoada inventada do Claude no Revanche. Ou seja, em menos de uma tarde reunimos mais de dez receitas.
- E agora? Qual a melhor, cacilda?
Uns dessalgavam as carnes antes. Outros metiam tudo na panela. Tinha gente que fazia um monte de ferventações. Tem os da panela de pressão, os contra a pressão no feijão. Tem os que cozinham partes da feijoada junto com o feijão. Tem os que deixam o feijão de molho. Tem os que temperam com bacon. Tem os que usam a água da fervura para cozinhar o feijão. Outros defendem a orelha como ingrediente básico. Tem os que colocam só carnes chiques. Que bagunça. Tava dando mais trabalho transformar aquelas dez receitas em uma só do que cozinhar a própria.
Foi quando, na hora H, acabamos ligando para a empregada no dia da folga, que passou por telefone a receita dela. Ufa. E ficou maravilhosa a feijoada.
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