terça-feira, 28 de julho de 2015

não veio ninguém?

Sempre adorei receber gente aqui em casa, seja para fazer jantar, seja para tomar um vinho, seja para as visitas que quiserem cozinharem aqui. Nesses dias de encontros, como moro num bairro tranquilo, uns anos atrás a frente da minha casa ficava cheia de carros, pois aqui é daqueles lugares inacreditáveis e maravilhosos de São Paulo onde sempre tem-vaga. Mas como tudo na vida muda, outro dia dei um jantar e aconteceu uma coisa muito engraçada.
Chegaram dois amigos, um casal. Abri a porta, eles me cumprimentaram.
- Somos os primeiros a chegar?
- Sim – respondi – E ainda bem, pois já tava morrendo de tédio sozinha aqui. Não vieram de carro?
- Não, de taxi. Sabe como é, a lei seca...
Campainha de novo. Uma amiga.
- Ué, Lúcia, fui a primeira?
- Não, já tem gente aqui. Ué. Não veio de carro?
- Claro que não, Lúcia... os comandos, você sabe...
Um tempo depois chega um amigo.
- Ué, não chegou ninguém ainda?
- Claro que chegaram, estão ai o fulano, a namorada, a sicrana... – olho ao redor – Ué, veio de táxi?
- Não, ônibus. Vou é voltar de táxi, sabe como é, esse negócio de beber e dirigir...
E assim foi, um por um, todo mundo chegando sem carro, vendo aquela rua vaziiiia e achando que o minha festinha tinha micado, até que chegou o último convidado. Abro a porta, ele todo animado de bicicleta, capacete e um vinho na mochila. Olha a rua completamente vazia e me pergunta a mesma coisa de todos os outros, crente que meu jantar era um verdadeiro desastre e que ele ia pagar o maior mico sozinho comigo.
- Ué, não chegou ninguém ainda?
Hahaha.
Vamos aprender, então. Gente, um jantar sem dez carros de convidados na porta hoje é mega chique, não é cilada não. E hoje em dia nem é tão sensacional morar num lugar que sempre tem-vaga.

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