segunda-feira, 27 de julho de 2015

a senha louca


Pra facilitar pras visitas, sempre escrevo a senha do wifi aqui de casa na lousa da copa. Sempre foram senhas facinhas, tipo uns números, o endereço, ou meu nome, essas coisas. Eu sempre impliquei com senhas complicadas, dessas com números e letras, com hifens, com maiúsculas e minúsculas. 
Bom, no mês passado, do nada, tudo que tinha a ver com a internet começou a ficar zoado aqui. O computador, lento, não abria página nenhuma, e, quando abria, apareciam propagandas em russo, o telefone também, até a netflix travava. Chamei o técnico, ele veio, examinou e deu o diagnóstico: "o roteador foi hackeado". 
Que?
Bom, como eu já tinha tentado de tudo, me entreguei às instruções do cara, mesmo achando isso muito estranho. Ele arrumou o micro, zerou o roteador, finalizou o serviço e me chamou. Foi quando ele me deu um papel com a minha nova... senha. Gente do céu. Não parece senha. Parece um hieróglifo. Um código de barras para pagamento. Letras e números alternados, underlines, uma coisa assustadora. E mais. Tão comprida que tomava a lousa toda.
- Mas eu não quero isso! – argumentei – quero uma senha facinha, por favor, sou contra senhas imensas!
- Quer ser hackeada de novo? É isso? – ele respondeu, rindo de mim.
Bom, que remédio. Realmente agora – sei lá se por causa da senha louca – tudo funciona, e mesmo com vergonha, adesivei aquele monte de símbolos na parede da cozinha, liberando a lousa para escrever o menu, a lista de compras, telefones, sei lá.
Outro dia vieram amigos aqui jantar, e uma amiga minha estranhou.
- Lúcia, o wifi não funciona?
- Funciona, é que mudou a senha.
- Eu já tentei duas vezes colocar a senha – ela me disse apontando a lousa – mas essa senha “ketchup suco guardanapo” não está entrando.
Hahaha.

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