terça-feira, 13 de janeiro de 2015

abajur

Queria comprar um abajur. Tava achando muito escuro aqui no escritório, principalmente à noite. Me veio à cabeça ir na Tokstok. “Isso”, pensei, “lá deve ter um abajurzinho barato, que vai quebrar o galho”.
Cheguei, peguei um carrinho. O piso é bom, as rampas suaves. Lá fui eu. Foi quando me dei conta do que é aquele lugar. Aquela loja te hipnotiza. Te fascina. Você vai lá e acaba comprando coisas que você não precisa, mas quando você está lá dentro, acha que precisa muito. Ou que você realmente precisa, mas que não precisava comprar naquele momento, pois até agora nunca usou a coisa. Algo confuso assim. Mas você só percebe isso no dia seguinte. Hahaha.
Por exemplo, é óbvio que eu tenho xícaras. Mas eu olhei “aquela” xícara, e nossa, como eu precisei dela. E se ela é tão boa, melhor comprar quatro, pensei. Continuei com o carrinho, feliz da vida. Vi um mousepad engraçado. “Eu não preciso disso”, pensei, “mas nossa, como eu preciso desse mousepad fofo. Ah, o meu tá tão velho”, pensei. “É tão barato”, considerei. Foi ai que parece que abri uma torneira de compras de tranqueiras baratas e fofas e lindas, que eu passei a considerar absolutamente necessárias para minha vida. Eu não parava mais. "Descascador de alho de plástico mole, preciso. Colher de pau, nossa, preciso. Tábua de cortar moderninha, utilíssima, claro. Cinzeirinho, melhor comprar, não vende em lugar nenhum. Moldurinhas de quadro baratas para colocar desenhos, preciso muito. Pratinho pra moringa do quarto, necessário total. Jogo americano, nossa que lindos, os meus tão velhos, preciso. Será que não devia aproveitar e comprar almofadas?"
Quando cheguei no lugar do abajur, notei o carrinho lotado de coisas que eu não preciso, mas que precisava muito lá dentro. Sai super feliz com aquele monte de coisa que eu sei lá se preciso, mas que precisei pra burro, se é que me entendem.
Olha gente, isso é um aviso. Tem que tomar muito cuidado com essa Tokstok. Um reles abajur dá a luz a um monte de bugiganga.

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