sábado, 13 de dezembro de 2014

alce?


Estava no parque Villa Lobos quando começou a garoar. Olhei pra o céu, achei que era chuvinha, mas de uma hora pra outra caiu um toró absurdo. Sai correndo pro primeiro lugar coberto. Um banheiro que tinha duas entradas, uma de cada lado, homens e mulheres. Meio que por impulso, corri para o das mulheres. E em questão de segundos, vi que não fui só eu que tive essa ideia. Três outras mulheres correram pra lá.
O banheiro tinha uma antesalinha com um bebedouro. Nós quatro nos esprememos ali, e era obvio que ia rolar um papo. Até que uma delas falou a maldita frase.
- Puxa, lá se foi minha chapinha... – disse uma mulher que devia ter a minha idade.
- A minha idem. Mas faz uma hidratação que resolve – disse a outra mulher, que devia ter 10 anos a menos que eu e ela.
- Custa muito caro – a da minha idade disse – Quase 200 reais no meu salão.
- No meu é 120. Posso te dar o endereço.
- Eu faço sozinha – disse a terceira mulher, uma mocinha, jovem, bonita - Eu tenho um produto que eu trouxe lá de fora.
- Sério? Eu pensei nisso, mas não sei qual usar – comentou a da minha idade - Me falaram do Alce. Aquele que tem um bichinho na embalagem. Conhece?
Alce? Bichinho? – pensei. Caramba. Que seria isso?
- Ah, é esse mesmo! Eu fui pra Miami a trabalho, vi num supermercado por 2 dólares cada Alce, comprei a prateleira toda e vendi aqui por 50 reais cada – comentou, exibida, a mocinha de cabelos lindos, mesmo molhados.
- Nossa, sério? Vendeu só por 50 reais cada Alce? – disse a minha idade.
A mocinha estava animada.
- Eu coloco na cabeça e deixo o Alce 3 minutos, lavo e fica assim – explicou, mexendo nos cabelos, que pularam da sua mão, fofos, lindos.
Meu Deus que seria isso? Alce? Colocar um tal de Alce na cabeça por 3 minutos segura a chapinha na chuva? Como é um Alce mesmo? Aquele animal com chifres? O que chifre tem a ver com chapinha?
- Não acredito! – disse a de dez anos a menos que eu e a outra – Em Miami o Alce custa só 2 dólares e vende em supermercado? E pensar que meu marido foi pra Miami no mês passado!
- Você não pediu pra ele? – perguntou a mocinha.
- Não, que burra! E ele me trouxe só esse tênis (ela apontou para um tênis assustador, com design espacial).
- Ei. Você ainda tem algum Alce? – perguntou a da minha idade.
- Não, já vendi tudo – respondeu a mocinha contrabandista e rica com o lucro dos Alces.
- Puxa – disseram as duas, quase juntas – Que pena...
Me senti completamente desinteirada. Que diabos de produto é esse, que todas as mulheres do mundo usam e que eu não tenho a mínima ideia? Será que é algum preparado feito de óleo de chifre de Alce? De pelo de Alce? De carne de um Alce especial criado para madeixas humanas? Que Alce milagroso é esse, que segura as chapinhas quando ficam molhadas?
A chuva deu uma paradinha, resolvi me mandar, destruindo de vez meus cabelos sem Alce.
Intrigadíssima, cheguei em casa e corri pra o google. Hahaha. Não é Alce, é um produto que chama Aussie. E o bichinho é um canguru. Acho que é por causa dele que os cabelos pululam, mesmo na chuva. Bom, se algum dos meus amigos aqui do face for pra Miami nessas férias, podem me trazer um Alce de presente pra eu ir no Villa Lobos e me exibir? Poxa, só custa 2 dólares.

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